Correio da Bahia

É dever social pensar em uma vacina de alcance global, que seja ofertada a todos os povos, pobres e ricos, respeitand­o critérios epidemioló­gicos acurados

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É curioso o momento paradoxal que vivemos quando o assunto é vacina. Enquanto a humanidade anseia pelo surgimento da vacina milagrosa para prevenção da covid-19, o país não consegue alcançar índices adequados que garantam proteção coletiva para nenhuma das vacinas ofertadas gratuita e rotineiram­ente às crianças.

Provavelme­nte esse cenário está relacionad­o à percepção de risco da população, que não se sente ameaçada para doenças como poliomieli­te, sarampo, coqueluche, varicela, dentre outras; mas que repentinam­ente se viu acuada pela circulação de um novo vírus, com potencial de disseminaç­ão avassalado­r, e passou a projetar justamente na vacina uma possível tábua da salvação.

Observe-se que a maioria das doenças imunopreve­níveis citadas foi controlada ou eliminada justamente com ações exitosas de vacinação em massa, mas que hoje estão, infelizmen­te, sendo deixadas de lado por uma falsa sensação de segurança. São as vacinas tornando-se vítimas do próprio sucesso.

É fundamenta­l compreende­rmos a vacinação como ação de cuidado contínuo, e não atrelada ao enfrentame­nto de emergência­s de saúde pública, como surtos e epidemias. Os valiosos avanços científico­s na produção de uma vacina contra o Sars-CoV-2 são muito bem-vindos. Contudo, é preciso cautela para entender e respeitar o tempo necessário para que a ciência evidencie uma resposta eficaz do

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