Médico cobrava para afastar pessoas
Os cheques e depósitos em nome de um médico-perito do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) são algumas provas que a Polícia Federal (PF) tem de que ele chefiava uma organização criminosa que fraudava benefícios previdenciários na Bahia. O funcionário público, que não teve nome o nome revelado, chegava a cobrar R$ 3,5 mil para afastar uma pessoa por seis meses.
“Além disso, nas investigações constatamos que as pessoas envolvidas sempre se reportavam a ele, outra característica de que ele comandava o grupo”, declarou o delegado Marcelo Andrade Siqueira, da Delegacia da Delegacia de Repressão e Combate a Crimes Previdenciários da PF, responsável pela operação Teia de Aranha, executada ontem.
Apesar de ter sido apontado nas investigações da PF como líder da organização, o médico-perito do INSS não foi preso.
O funcionário público cumpre uma medida de recolhimento domiciliar. Ou seja, ele foi afastado do trabalho e é obrigado a permanecer em casa à noite e nos fins de semana – não há informação de como a Justiça pretende monitorá-lo. “A Justiça entendeu que, no caso dele, não há necessidade de prisão”, declarou o delegado.
Siqueira disse que o INSS deve instaurar um procedimento administrativo para apurar a conduta do médico-perito e de outros três servidores envolvidos no esquema fraudulento. O procedimento pode resultar no desligamento definitivo deles do órgão.
Segundo a PF, o médico-perito chegou a cobrar R$ 3,5 mil por seis meses de afastamento. “A organização tem uma tabela de valores e, quanto maior é o tempo de afastamento, maior é o valor a ser pago”, explicou. Os atestados emitidos para a concessão dos benefícios de forma fraudulenta tinham motivos diversos. “Tinham vários CIDs (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde), como problemas de coração e articulações”, declarou o delegado.