Correio da Bahia

Bolsa sobe e supera 93 mil pontos; dólar tem nova queda

- Miriam leitão

MERCADO Embalados pela perspectiv­a favorável de uma reforma da Previdênci­a mais contundent­e, aliada a um dia de bom humor nos mercados internacio­nais, os investidor­es deflagrara­m ordens de compra ontem, levando o Ibovespa a renovar máxima histórica por mais um fechamento consecutiv­o. O principal índice do mercado acionário brasileiro fechou aos 93.613,04 mil pontos, em alta de 1,72% com giro financeiro de

R$ 16,4 bilhões.

Analistas explicam que o movimento de alta ocorre sem a presença maciça dos investidor­es estrangeir­os, que ainda ensaiam a entrada no mercado acionário local.

Segundo a B3, em janeiro, os investimen­tos de não residentes acumulam saldo negativo de R$ 1,917 bilhão. Ontem, relatório do JP Morgan divulgado a clientes traz indicação de compra. No entanto, ressalta que é importante manter o olho na política e no risco que envolve a execução da reforma da Previdênci­a. Até o próximo dia 16, quarta-feira que vem, o Ministério da Economia terá que dar o seu parecer sobre a operação da Embraer com a Boeing. Ele foi consultado em dezembro, com 30 dias para dizer se o acordo fere as regras previstas na golden share. A impressão até agora é que não fere. Pelas regras da ação de classe especial é o Ministério que diz isso, e não a Presidênci­a, mas evidenteme­nte a palavra final será a do presidente Jair Bolsonaro.

Até agora, na área técnica, a convicção é que a primeira proposta feita pela Boeing era muito ruim. O governo Michel Temer deixou claro que não havia gostado. A nova proposta, contudo, tem sido vista com bons olhos pelos economista­s do governo.

A primeira informação relevante é que não faz sentido falar em desnaciona­lização da Embraer porque em torno de 85% das ações já são detidas por investidor­es estrangeir­os. Como tenho escrito aqui desde o começo desta negociação, os maiores acionistas da empresa brasileira são fundos americanos. Mesmo assim, como escrevi em coluna recente, dados do BNDES mostram que a companhia

O dólar teve novo dia de queda e fechou no menor valor desde 26 de outubro do ano passado, quando estava em R$ 3,65. A desvaloriz­ação refletiu principalm­ente a fraqueza da moeda americana no exterior, mas também foi influencia­da por expectativ­as positivas, sobretudo do investidor doméstico, com o avanço de uma reforma da Previdênci­a mais profunda. Com isso, o real foi ontem a divisa de país emergente que mais caiu ante o dólar, consideran­do uma cesta das 24 principais moedas mundiais. O dólar à vista fechou o dia em R$ 3,6833, com queda de 0,92%. Só em 2019, a moeda americana já caiu 5%. nos últimos 15 anos recebeu bilhões do banco, em diversos tipos de operação. Foram R$ 1,95 bilhão de financiame­nto tecnológic­o, R$ 6 bi para pré-embarque de exportaçõe­s e US$ 22 bilhões para financiar compradore­s estrangeir­os de seus produtos.

A golden share nas mãos do governo pode ser exercida para impedir: 1) mudança de nome da companhia e mudança de objeto social; 2) alteração da logomarca; 3) transferên­cia de controle acionário; 4) risco de afetar programas militares, como reposição de peças para as aeronaves brasileira­s e capacitaçã­o de terceiros em tecnologia para programas militares.

A primeira proposta era a compra integral da Embraer. Mas depois o plano evoluiu. Agora, EMPRESA Com um histórico de construção de mais de 2.500 obras de grande porte, entre usinas hidrelétri­cas, portos, aeroportos, gasodutos e linhas de metrô, dentre outras entregas realizadas no mundo, a Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) está estruturad­a para recuperar a confiança da sociedade no quesito da ética e do combate à corrupção. O Sistema de Conformida­de implantado pela empresa nos últimos dois anos foi apresentad­o em Salvador pelo responsáve­l regional por Conformida­de nas Américas (exceto Brasil, Argentina e Bolívia), Marcos Neves, durante reunião da Comissão de Compliance da Faculdade Baiana de Direito (FBD).

Segundo o executivo do Grupo, que atualmente possui sete negócios diversific­ados, a presença da OEC em 22 países com operação em 13 desses era um grande desafio, pois a empresa precisava ter uma atuação global única, mesmo nos território­s onde a “cultura ética” ainda não foi incorporad­a em todos os ambientes.

Destacou ainda que a a parte comercial da empresa será vendida para a Boeing, e 20% das ações permanecer­ão nas mãos da Embraer, que poderá vender essa participaç­ão em cinco anos para a gigante americana. A Embraer com esse nome continuari­a a existir, mantendo a unidade de defesa. O que está sendo analisado agora é se essa divisão das áreas da companhia, com um pedaço sendo vendido para a Boeing e o resto nesta remanescen­te Embraer, garante a reposição de peças e manutenção das aeronaves e não há transferên­cia para terceiros da tecnologia na área de defesa.

Pela maneira como foi desenhado, o acordo contorna a golden share porque não há previsão de que o governo tenha o poder de veto no caso de venda “cultura ética” vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil após a Operação Lava Jato. Outro desafio reside justamente na América Latina, onde a Transparên­cia Internacio­nal registra que o índice de percepção de corrupção é acentuado em quase todos os países da região.

O início da trajetória de evolução apresentad­a pelo baiano Marcos Neves data de 2016, quando o Grupo Odebrecht assumiu o compromiss­o com o Brasil de colaboraçã­o definitiva. De lá para cá, disse o executivo, foi implantado um robusto Sistema de Conformida­de com foco na prevenção, detecção e remediação para garantir uma Atuação Ética, Íntegra e Transparen­te.

“Nosso Sistema tem por base as legislaçõe­s e padrões internacio­nais mais avançados no combate à corrupção”, garantiu Neves.

1,72 foi a alta da Bolsa, ontem. Já o dólar comercial fechou o dia em R$ 3,6833

blogs.oglobo.globo.com/miriam-leitao/ A OEC já realizou mais de 15 mil diligência­s em sua base global de fornecedor­es

da parte comercial. E é isso que está sendo proposto. Se tudo for sacramenta­do, o que fica no Brasil é apenas 15% da companhia original. O que passa ao controle da Boeing, com 20% de participaç­ão da Embraer, representa 85% do faturament­o da empresa.

A Embraer sempre esteve no imaginário brasileiro como prova da nossa capacidade industrial. Ela nasceu como estatal, cresceu com fortes investimen­tos e subsídios do setor público, além das encomendas da Aeronáutic­a. Tornou-se uma das grandes no seu nicho de mercado. A partir da privatizaç­ão em 1994, no governo Itamar Franco, quando o ministro era Ciro Gomes, ela deixou de ser estatal para ser uma empresa de capital pulverizad­o, e assim suas ações entraram no portfólio de muitos fundos estrangeir­os. Hoje, de fato, ela já foi desnaciona­lizada. Ao governo cabe dizer se a operação como foi arquitetad­a permite que seja acionada a golden share, que daria ao Brasil o poder de veto. Pela análise feita até o momento, não fere. A semana que vem será decisiva. Mas que ninguém tenha dúvida, o que está acontecend­o não é fusão, nem mesmo a criação de uma outra empresa como foi apresentad­o. Trata-se da Boeing comprando a maior parte, a fatia mais rentável, da companhia que um dia foi brasileira.

A vantagem para o Brasil é que a Embraer remanescen­te ficará capitaliza­da, com o valor da venda da unidade comercial, e ainda passará a receber dividendos da nova companhia que será formada, 80% da Boeing e 20% da Embraer. Como a golden share não dá o direito ao governo brasileiro de impedir a operação como ela foi desenhada, deve ser aprovada pelo Ministério da Economia. Depois disso, o Conselho de Administra­ção da empresa vai chamar uma assembleia de acionistas e só ela é que poderá aprovar ou impedir o negócio.

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