A espera para se tornar família
Existia algo dentro da servidora Saraí dos Santos Souza, 52, que lhe dizia para cultivar um amor incondicional que só as mães conseguem sentir. A vontade crescia ao passo que a idade avançava e não restou outra solução a não ser entrar com o processo de adoção que, no caso dela, se arrastou por três anos, até que uma ligação a aproximou da pequena Júlia, à época, com 2 anos.
Na manhã de ontem, Saraí estava na sala de espera da 1ª Vara da Infância e Juventude de Salvador, na companhia de mais 21 famílias. Todas estavam ali para pôr um ponto final no processo de adoção e, enfim, serem reconhecidos pela Justiça como verdadeiros pais das crianças que eles se propuseram a educar.
A servidora chegou à 1ª Vara por volta das 8h para participar de um mutirão com um juiz, um promotor e uma equipe técnica da Justiça que carregava em mãos os documentos que comprovariam que Saraí poderia deixar de ter a guarda provisória de Júlia, hoje com 10 anos, para, enfim, ter a guarda legal assinada pelo magistrado.
Desde que Saraí deu entrada no processo, até ver pela primeira vez a filha, se passaram três anos. A notícia que seria mãe chegou em uma manhã de 2012, por meio de um telefonema de um servidor da Justiça que a informou que uma criança com as mesmas características que ela tinha idealizado como filha, no momento em que preencheu um formulário, estava disponível para adoção.
Depois do primeiro contato, bastaram alguns dias para a servidora passar a fazer visitas frequentes à instituição que acolheu a pequena. Também foram necessários alguns meses para Saraí ter a guarda provisória da filha.
“Foi uma paixão à primeira vista. Eu senti que ela também havia gostado de mim. Júlia sofreu maus-tratos da mãe biológica e teve que ser internada em uma unidade de saúde. De lá, foi para o abrigo, onde permaneceu até me encontrar”, contou.
Depois de encontrar a filha, a servidora ainda esperou oito