Ceasas surgiram durante a década de 1970
Os Centros Estaduais de Abastecimentos, também chamados de Ceasas ou Ceasinhas, foram um projeto governamental criado nos anos 70 para aperfeiçoar e baratear a distribuição de hortifrutigranjeiro. Em Salvador, o Rio Vermelho é o primeiro endereço a receber a Ceasa, ainda no início da década. À época, era chamada de Feira da Chapada do Rio Vermelho, uma região ainda erma da cidade, e vendia basicamente frutas e verduras a céu aberto.
A Ceasinha, pouco a pouco internalizada na rotina do soteropolitano, acompanha o desenvolvimento do bairro. O local, até pouco antes propriedade quase absoluta da família Gonzaga, passa a ser loteado, se torna referência, principalmente na boemia, conta o arquiteto e historiador Chico Senna. A população contava, até então, com os mercados do Ouro, da família Amado Bahia, Modelo (mercado de abastecimento da cidade), da Baixa dos Sapateiros, de São Miguel, de Santa Bárbara, de Sete Portas e com a Feira de São Joaquim.
Feiras e mercados decaíram, relata Chico. Esses espaços, continua, caíram no raio da sofisticação, sem que a população dependente de atividades mais informais acompanhasse o avanço. “Quando você transforma um mercado popular em um mercado sofisticado, você muda o público. Houve melhorias, mas uma camada foi prejudicada. Você não criou outro mercado alternativo e isso desequilibra a sociedade”, explica ao comentar a reforma na antiga Ceasinha.
Hoje, em Salvador, existem nove mercados populares municipais, segundo a Secretaria de Ordem Pública de Salvador. Deles, seis foram reformados. A Sudic, por sua vez, gere quatro mercados – entre eles, a Ceasa do Ogunjá, que mantém o antigo modelo da Ceasinha do Rio Vermelho. Na avaliação de Neilton Dórea, vice-presidente do Instituto de Arquitetos da Bahia, algumas modificações, como a da Ceasinha, seguem uma tendência baiana. “É uma mania de mudar a tipologia da arquitetura, fazer uma atualização que não necessariamente é adequada culturalmente”.