Chaves foram entregues a Lúcio, diz dono
(PMDB-BA) “no recolhimento e guarda” da fortuna de R$ 51 milhões.
A pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, autorizou as buscas nos endereços relacionados a Lúcio Vieira Lima. Ao todo, a PF cumpriu quatro mandados de busca e apreensão.
“As medidas cautelares são um desdobramento das investigações que apuram a origem e a responsabilidade por R$ 51 milhões apreendidos, em Salvador, no dia cinco de setembro. Dos quatro endereços vistoriados pelos policiais federais, três são ligados a Lúcio Vieira e um, a seu secretário parlamentar, Job Ribeiro Brandão”, informou a PGR.
As cautelares foram solicitadas por Raquel Dodge, “após as investigações iniciadas na primeira instância, no âmbito da Operação Cui Bono, terem sido enviadas ao Supremo Tribunal Federal, na parte referente às investigações do crime de lavagem de dinheiro”.
“O envio do caso ao STF deu-se em consequência de os investigadores terem encontrado indícios de envolvimento do parlamentar, que é irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, no recolhimento e guarda do dinheiro”, assinala a Procuradoria.
Além das cautelares, a procuradora-geral pediu que as investigações relativas à Operação Cui Bono, que apura irregularidades na Caixa Econômica Federal, continuem sob competência da primeira instância.
A ordem para as medidas cautelares foram dadas pelo ministro Edson Fachin como desdobramento da Operação Tesouro Perdido.
DESCOBERTA DO BUNKER
A Polícia Federal descobriu o “bunker” atribuído a Geddel em uma fase da Operação Cui Bono, no dia 5 de setembro. Foram encontrados R$ 51 milhões em notas de R$ 50 e R$ 100, além de dólares, distribuídos em oito caixas e seis malas. Batizada de Tesouro Perdido, a ação tinha como objetivo investigar uma suposta organização criminosa que atuava na vice-presidência de pessoa jurídica da Caixa Econômica Federal, entre 2011 e 2013, quando Geddel ocupava o cargo.
Após ser preso, Gustavo Ferraz, aliado de Geddel, admitiu, em depoimento à Polícia Federal (PF), ter buscado dinheiro em espécie em São Paulo a mando do ex-ministro e entregue por um emissário do ex-presidente da Câmara.
Geddel decidiu ficar calado no depoimento . Gustavo também não teria entrado em detalhes sobre a origem do dinheiro, admitindo, porém, a busca de quantias em 2012. A PF e o MPF suspeitam que parte da fortuna era entregue pelo doleiro Lúcio Funaro para membros do PMDB. O dono do imóvel que abrigava a fortuna de R$ 51 milhões atribuída ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PDMB), Silvio da Silveira, afirmou à Polícia Federal que entregou as chaves do apartamento nas mãos do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) no começo de 2016. A administradora do prédio, Patrícia Queiroz dos Santos, em depoimento à PF, confirmou as informações de Silveira.
Segundo documentos obtidos pela Folha de S. Paulo, ela disse também que já presenciou uma ligação do empresário, do ramo da construção, para “os irmãos” pedindo ajuda para a pavimentação de vias na Bahia.
Silveira disse à polícia que tem relação de amizade com Lúcio há dez anos.
Os depoimentos de ambos foram alguns dos elementos da investigação que embasaram as buscas no gabinete e no imóvel do parlamentar Lúcio Vieira Lima ontem.
O dono do imóvel onde estava o “bunker” de Geddel contou à PF que inicialmente emprestou a Lúcio o apartamento número 202, mas a unidade foi vendida em seguida e, então, disponibilizou o número 201 para o amigo.
O pedido foi feito após a morte do pai dos irmãos, Afrísio Vieira Lima, em janeiro de 2016. “Na ocasião, Lúcio recebeu a chave, mas não trazia consigo nenhum pertence. Que ainda em 2016, a unidade 202 foi vendida e então o declarante ofereceu o apartamento vizinho de frente, ou seja, o 201, o que foi de fato recebido por Lúcio”, consta no termo de depoimento de Silveira. Segundo ele, poucas unidades foram vendidas no local.