Estudantes devem ser estimulados a programar
Um exemplo de inovação na escola, segundo o professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Nelson Pretto, é o desenvolvimento de software livre. Para ele, ensinar programação aos estudantes atende uma demanda da própria educação pelo desenvolvimento de programas de forma colaborativa.
“A programação dá suporte a princípios fundamentais da educação, que são interação e colaboração. É importante pensar em software livre como perspectiva de inovação porque isso está associado ao ensino da programação, que pressupõe a compreensão das linguagens, de uma nova forma de escrita em código binário”, explica.
Pretto cita exemplos de ‘codeiros’ (palavra derivada de código) entre populações ribeirinhas de Santarém, no Pará; e em escolas do Amazonas, Rio Grande do Sul e São Paulo. “Você pega, por exemplo, a Campus Party, que mostrou vários meninos desenvolvendo robótica e programação. Tem ainda a experiência na rede de colégios Marista, que em parceria com a UFRS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), faz estudos para criar estações meteorológicas de baixo custo”, enumera.
As experiências inovadoras vêm sendo feitas em todo o mundo, continua Nelson Pretto, que lembra ainda de projetos com o Raspberry Pi, pequenas placas que servem para montar circuitos integrados de computador. “Tem acontecido em diversas escolas pelo mundo. No Centro Europeu de Energia Nuclear existem experiências. Dentro do Plan Ceibal (projeto socioeducativo do Uruguai) também há experimentações com robótica e programação”, acrescenta.
Ainda assim, Nelson Pretto engrossa o coro dos especialistas que acreditam que a tecnologia não deve ser usada por si só como um sinônimo de inovação na escola. Para ele, mais do que a “parafernália”, inovar em educação faz parte de uma equação que envolve os recursos digitais, condições de trabalho, salário e formação continuada para os professores.