Um ano após acidente, laudo é desconhecido
Após um ano do desabamento do Centro de Convenções da Bahia (CCB), ainda são muitos os questionamentos acerca do acidente e sobre as condições estruturais do equipamento que desabou parcialmente no dia 23 de setembro do ano passado.
Perguntas que poderiam ser respondidas com a divulgação do laudo técnico, produzido pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT).
O CORREIO procurou durante seis dias diversos órgãos do governo do estado para ter acesso ao laudo e, consequentemente, ao que motivou o acidente, além de possíveis responsáveis por ele. Os órgãos, no entanto, se recusam a falar sobre o assunto.
Quem falou ao CORREIO sobre o que viram os peritos foi o engenheiro responsável pelo projeto original do Centro de Convenções, Carlos Strauch, que acompanhou o trabalho. A falta de manutenção apontada por Strauch coincide com o relatório feito pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (CREA-BA).
“Foram 13 anos em que o Centro de Convenções não recebia reparos na estrutura. Eles só faziam intervenções no aparelho de apoio”, disse Strauch ao CORREIO. A análise realizada por ele e por peritos do DPT flagrou que o tirante, peça que acabou cedendo, diminui o tamanho em 70% por conta da falta de manutenção.
“Eu subi com o perito nas plataformas, medimos o tirante e tinha apenas 3mm, enquanto o normal é 10mm. Não tem condições de um tirante de 3mm suportar aquela estrutura”, explicou.
O engenheiro ainda acredita que a atual sede do Centro de Convenções pode ser utilizada, caso uma manutenção seja feita. O relatório Crea-BA também atesta que o motivo do desabamento parcial foi falta de manutenção.
“Um dos fatores que ocasionou a grande incidência de manifestações patológicas na edificação foi a falta de uma manutenção planejada, acarretando uma carência no controle para a prevenção do aparecimento dessas patologias [corrosão]”, diz o Crea.
O relatório do Crea ainda aponta que, na época de funcionamento, o equipamento contava com uma equipe de manutenção, mas que a ação não era eficaz por falta de altos investimentos.
O Crea solicitou informações ao Comandante do Corpo de Bombeiros do Estado da Bahia, ao Departamento de Polícia Técnica (DPT)e a Superintendência de Patrimônio (Supat) quando realizou o laudo, em 21 de novembro de 2016, mas não obteve resposta de nenhum deles.