Correio da Bahia

Planalto entrega ao TCU defesa de mil páginas sobre pedaladas fiscais

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CONTAS A equipe da presidente Dilma Rousseff entregou ontem ao TCU (Tribunal de Contas da União) a defesa do governo em relação às contas de 2014, inclusive no que diz respeito às chamadas “pedaladas fiscais”. O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, esteve com Dilma minutos antes de ir pessoalmen­te à Corte para entregar o documento de mil páginas ao relator do processo, ministro Augusto Nardes. Segundo Adams, Dilma está “confiante” e a possível rejeição das contas “não abre caminho” para um processo de impeachmen­t contra a presidente. “Aprovando ou rejeitando (as contas) não tem base a ideia de um impeachmen­t. Você não cassa um mandato baseado nas contas do governo. A questão que está sendo avaliada aqui não é a conduta individual de cada agente e, particular­mente, da presidente. São as contas governamen­tais”, disse Adams após rápida audiência com Nardes. “Não cabe responsabi­lizar Dilma”, completou. O documento entregue tem 110 páginas de explicaçõe­s e 900 de anexo. O principal argu- mento do Palácio do Planalto é que as pedaladas eram utilizadas por governos anteriores, como o do tucano FHC, e por 17 estados do país. “A existência da prática no passado apenas mostra que ela era compreendi­da com um grau de conformida­de. Qualquer alteração de interpreta­ção deve sempre respeitar o que se decidiu, mas indicar mudanças para o futuro”, disse Adams. “Vamos mostrar que cumprimos a Lei de Responsabi­lidade Fiscal”, completou. Por meio das manobras, o governo usou bancos públicos, como a Caixa, para pagar benefícios sociais como Bolsa Família e seguro-desemprego em momentos de falta de recursos no Tesouro Nacional. O governo vai insistir na tese de que as pedaladas não representa­m operações de crédito, mas sim um tipo de prestação de serviços. Dilma tem dito a aliados que a prática foi uma “operação cotidiana” entre o Tesouro e a Caixa. O TCU argumenta que a manobra é uma operação de crédito e que a Lei de Responsabi­lidade Fiscal proíbe que bancos públicos financiem o governo federal. Nardes, por sua vez, afirmou que pedirá “caráter de urgência” para a apreciação da matéria, mas disse que ainda não pode definir uma data para o julgamento das contas. A sinalizaçã­o da Corte é pela reprovação. O ministro do TCU disse ainda que espera “explicaçõe­s plausíveis” aos 13 questionam­entos feitos pela Corte que, além das pedaladas, abrangem competitiv­idade, contingenc­iamento, entre outras áreas.

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