Tontura e zumbido no ouvido podem ser um prenúncio de doenças sérias
De enxaqueca a cinetose, passando por uma indicação de perda auditiva, problemas como tontura e zumbido são comuns e fruto de estudo da especialidade Otoneurologia. Para realizar o diagnóstico é preciso analisar o histórico do paciente e fazer exames físicos e complementares que ajudam a analisar possíveis relações entre sintomas e o sistema nervoso central.
Muitas pessoas minimizam a importância de procurar ajuda médica quando sentem tontura e zumbido no ouvido. Mas quando esses problemas passam a incomodar, com constância e recorrência, os pacientes não sabem qual especialista buscar para o diagnóstico e tratamento corretos.
A Otoneurologia tem como foco as estruturas do labirinto e suas conexões com o sistema nervoso central. O otoneurologista atua na prevenção, no diagnóstico e também no tratamento de disfunções e doenças associadas à tontura, ao desequilíbrio, à vertigem, ao zumbido e à perda auditiva.
Embora a especialidade ainda seja pouco conhecida pelo grande público, os sintomas de tontura e zumbido são relativamente comuns na população: os dados indicam uma prevalência de 15 a 20% do zumbido na população, e a tontura pode chegar até 40% da população dependendo da idade avaliada. É muito importante que as pessoas conheçam essa especialidade para tratar de forma adequada esses sintomas.
A área da Otoneurologia trata da ‘conversa’, da relação, entre as estruturas que estão dentro da orelha interna e as estruturas que estão dentro do cérebro, com foco no equilíbrio e na audição. Sintomas como tontura e zumbido são frequentemente desencadeados por alterações nessas estruturas ou na condução dos estímulos nervosos entre elas e o cérebro, sendo também possível a influência de fatores neurológicos no quadro.
Sabemos hoje, por exemplo, que pacientes com zumbido no ouvido apresentam uma maior atividade em determinadas regiões do cérebro que estão relacionadas à audição.
É fundamental investigar as duas situações, pois podem estar relacionadas a doenças como: Vertigem Posicional Paroxística Benigna (Tontura do Cristais); Tontura Postural Perceptual Persistente (Vertigem Fóbica); Enxaqueca Vestibular; Labirintite; Doença de Ménière; Neurite Vestibular; e Cinetose.
Além disso, uma das principais causas do zumbido no ouvido é a perda auditiva. Quanto antes um especialista for procurado, mais rápido teremos um diagnóstico preciso e uma estratégia de tratamento eficaz para evitar a progressão do sintoma.
Para o diagnóstico, a história do paciente e o exame físico realizados em consultório são os pilares para o correto diagnóstico. O médico também poderá solicitar alguns exames complementares para poder avaliar os sistemas auditivo e vestibular do paciente, assim como para investigar possíveis relações entre os sintomas e o sistema nervoso central (cérebro).
No caso da tontura, em que grande parte das doenças causadoras deste sintoma são de diagnóstico clínico, os exames complementares podem ser utilizados para dar pistas sobre a causa da doença e devem ser sempre avaliados junto ao contexto clínico do paciente. Por isso, a avaliação clínica do paciente em consultório, ou seja, o seu histórico de saúde e a história que ele conta na consulta, é algo fundamental para o diagnóstico.
Tendo em vista o enorme leque de doenças e alterações relacionadas a esses sintomas e a frequente necessidade de fazer um tratamento personalizado para reversão e para o alívio do paciente a incômodos, como o zumbido no ouvido, é de enorme importância consultar um especialista da área.
* Nathália Prudencio (CRM-SP 20329) é médica otorrinolaringologista, especialista em tontura e zumbido. Fez especialização e mestrado em Otoneurologia pela UNIFESP. É ainda especialista em Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-facial pela Assoc. Bras. de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-facial (ABORL-CCF), graduada em Medicina pela UFRJ e com residência médica em Otorrinolaringologia na UERJ. Instagram: @dranathaliaprudencio