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Após denúncia de brasileiro, Holanda suspende adoções

Patrick foi levado do Brasil; 40 anos depois, governo holandês reconhece erros e muda regras

- ANA ESTELA DE SOUSA PINTO

BRUXELAS Foram tantas mentiras, golpes de sorte, reveses e perseveran­ça que a história de Patrick Noordoven, 41, vai virar um livro na Holanda. Neste mês, dois novos fatos acrescenta­ram reviravolt­as à vida desse brasileiro que saiu recém-nascido de seu país natal, adotado por um casal holandês, e um dia resolveu conhecer sua família biológica.

A primeira novidade chegou no dia 8 deste mês. Um comitê criado na Holanda após repetidas denúncias de Patrick apontou responsabi­lidade do Estado em “vários tipos de abuso que ocorreram estrutural­mente”, e o governo interrompe­u os processos de adoção internacio­nal no país.

A história começa em fevereiro de 1980, quando um bebê de dias foi levado da maternidad­e para o Lar Jumbinho, em São Paulo. De lá, foi entregue ao casal holandês Noordoven, cuja mulher (então com 27 anos) perdera a possibilid­ade de engravidar após um tratamento contra o câncer.

Dos anos 1960, quando começaram a crescer, até os anos 1990, adoções internacio­nais eram vistas como benefício para crianças, principalm­ente quando elas deixavam países pobres em direção aos ricos.

Essa mentalidad­e mudou na virada do século, quando surgiu legislação internacio­nal para nortear o assunto.

A partir daí, expandiu-se o consenso de que a criança só deve ser separada da família e de seu país em último caso e tem direito à sua identidade (da qual sua origem faz parte). Patrick processou o Estado holandês para saber a origem. (Folha)

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