TSE rebate Bolsonaro e diz que nunca houve fraude em urnas
Presidente voltou a falar que não confia no sistema eleitoral brasileiro, mas não apresentou provas
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e o vice-procurador-geral eleitoral rebateram a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que a eleição de 2018 foi fraudada.
Eles reafirmaram que o sistema de urnas eletrônicas é auditável e disseram que nunca uma suspeita de fraude se confirmou.
A resposta veio primeiramente por meio de nota divulgada pelo TSE no início da tarde desta terçafeira (10). O tom foi de cobrança para que Bolsonaro apresente as provas que disse ter.
Segundo a nota, existindo qualquer elemento que sugira algo irregular, o tribunal agirá com presteza e transparência para investigá-lo.
O texto foi escrito pela presidente do TSE, ministra Rosa Weber, e pelo futuro presidente, Luís Roberto Barroso, que assumirá o cargo em maio.
Auxiliares de ministros chamaram a atenção para o fato de Bolsonaro retomar o discurso de fraude nas urnas, muito presente em sua campanha, às vésperas de um ato de apoio ao governo.
Na segunda-feira (9), em visita aos Estados Unidos, o presidente disse, sem apresentar provas, que houve fraude em 2018 e que ele foi eleito no primeiro turno, e não no segundo, como expressou o resultado oficial.
Nesta terça, ele voltou a atacar a Justiça Eleitoral, mais uma vez sem apresentar dados.
“Eu quero que você me ache um brasileiro que confie no sistema eleitoral brasileiro”, disse, após participar de um esvaziado evento com empresários em Miami.
Segundo o secretário-geral da presidência do TSE, Estêvão Waterloo, a corte não tem um levantamento de quantas investigações sobre urnas já foram realizadas porque elas são feitas pela Polícia Federal perante os TRES (Tribunais Regionais Eleitorais).
Após emitir a nota nesta terça, Rosa Weber falou.
“Que fique muito claro: a Justiça Eleitoral não compactua com fraudes. Eu mantenho a minha convicção quanto à absoluta confiabilidade do nosso sistema eletrônico de votação”, afirmou. “Tanto que, ao longo de mais de 20 anos, jamais foi comprovada qualquer fraude”, disse.
Desafio
Em Brasília, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), desafiou Bolsonaro a uma nova disputa.
“Antecipemos as eleições, façamos as eleições para presidente da República junto com as eleições de prefeitos e vereadores. Se ele acredita que ela foi fraudada, que se submeta a nova eleição ou obedeça às regras. As regras estão claras”, disse Doria, que aspira disputar a Presidência em 2022. (Folha)