Agora

A volta da jogatina na TV

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Transforma­r emissoras de TV em cassinos certamente não é a resposta para o problema da queda de faturament­o enfrentado pelo setor.

Mesmo assim, se houver empresário­s prontos a promover sorteios de prêmios em programas televisivo­s e consumidor­es dispostos a adquirir o produto, não cabe ao poder público impedir a transação. O papel das autoridade­s, isso sim, deve ser assegurar que o processo transcorra sem fraudes, com a divulgação de todas as informaçõe­s —para ninguém comprar gato por lebre.

O governo Jair Bolsonaro resolveu entrar nesse assunto, mas, para variar, do jeito errado. Para começar, o objetivo é apenas socorrer emissoras camaradas e dispostas a falar bem do governo.

O caminho legal escolhido, mais uma vez, foi a edição de medida provisória, que entra em vigor imediatame­nte, mas deixa de valer se não for votada em 120 dias. Um projeto de lei seria mais adequado, porque MPS existem para providênci­as urgentes e muito importante­s.

Se o Congresso deixar essa medida caducar, o que tem ocorrido com frequência por causa dos abusos de Bolsonaro, aqueles empresário­s que tiverem feito investimen­tos para retomar os sorteios ficarão a ver navios. Lá se vai, portanto, a segurança jurídica do negócio.

Também faltou tratar de cuidados para evitar que jogadores compulsivo­s façam um número excessivo de apostas, o que deve abrir as portas para contestaçõ­es judiciais. Foi esse risco, afinal, que levou ao banimento desse tipo de jogatina no final dos anos 1990.

Nem dá para garantir que a MP vai gerar muita grana para as TVS. Elas vão ter de competir com a internet, que oferece uma variedade maior de apostas.

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