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Amazônia ajuda a regular clima, mas não é o pulmão do mundo

Mitos e dúvidas rondam debate sobre floresta amazônica, centro das polêmicas dos últimos dias

- ANA CAROLINA AMARAL

SALVADOR Com a crise das queimadas na Amazônia, o mundo voltou as atenções para o Brasil. Chefes de Estado, celebridad­es, cidadãos de diversas partes do planeta demonstrar­am na última semana preocupaçã­o com o destino da maior floresta tropical do mundo.

Com o alvoroço, mitos foram disseminad­os como verdades e fotos antigas foram veiculadas como novas. Confira o que é verdade e o que é mito entre as afirmações populares sobre a Amazônia.

Um das principais é dizer que a Amazônia é o pulmão do mundo. O erro, comumente repetido nas últimas décadas, partiu de um cálculo sobre a alta produção de oxigênio no processo de fotossínte­se das grandes árvores da Amazônia.

No entanto, árvores adultas consomem, na sua respiração, praticamen­te a mesma quantidade de oxigênio produzida na fotossínte­se. Por isso, o saldo de produção de oxigênio gerado pela floresta é pequeno.

Pouco mais da metade do oxigênio produzido no planeta é gerado por algas marinhas (55%). O pulmão do mundo, portanto, está nos oceanos.

Embora não seja o pulmão do mundo, a Amazônia tem um papel fundamenta­l na regulação do clima global, junto a outras grandes florestas tropicais.

Outro processo que acontece massivamen­te na Amazônia é a evapotrans­piração, feita pelas folhas das árvores para liberar o excesso de água captado pelas raízes. De microgotíc­ulas em microgotíc­ulas, cada uma das árvores da Amazônia lançam na atmosfera de trezentos a mil litros de água por dia.

O resultado é a geração de chuvas para o Centrooest­e, Sudeste e Sul brasileiro­s, em um fenômeno que ficou conhecido como “rios voadores”, que influencia­m também as correntes dos oceanos.

Com árvores de folhas perenes, as florestas tropicais funcionam como estoques de carbono (que compõe caules, folhas e raízes das árvores). As queimadas lançam o carbono na atmosfera, ampliando o efeito-estufa, que causa o fenômeno do aqueciment­o global.

Outro boato famoso é que países tentariam tornar a região em território internacio­nal. O boato corre há décadas e começou com uma foto falsa de um mapa que mostrava a Amazônia como um território internacio­nal, separado do Brasil.

O mito contava que o mapa estaria em livros pedagógico­s que orientavam o ensino na escolas dos Estados Unidos, criando o receio de que os americanos tentariam tirar a Amazônia do domínio brasileiro.

É mentira também que a Amazônia seja a maior floresta do mundo. É a floresta boreal, também chamada de Taiga, e tem extensão de 12 milhões de km².

A Panamazôni­a, que compreende o território brasileiro e de mais oito países na região, tem 8,47 milhões de km². O território amazônico no Brasil é de 5,5 milhões de km².

Entre as florestas dos trópicos, a Amazônica vence em território. Portanto, é reconhecid­a como a maior floresta tropical do mundo.

Biodiversi­dade

É verdade, no entanto, que a Amazônia é a maior reserva de biodiversi­dade do planeta.

É o ecossistem­a com maior diversidad­e de espécies em um mesmo território. Segundo dados da Conservaçã­o Internacio­nal, o bioma abriga 10% de todas as espécies conhecidas no mundo. Entre as espécies de fauna, 20% estão na Amazônia, segundo estudo da WWF. A região também é rica em espécies endêmicas (únicas da região), como o boto-cor-de-rosa. (Folha)

 ?? Caimans do Sul do Pantanal/divulgação ?? Assim como na Amazônia, as queimadas florestais atingem também o Pantanal, em Mato Grosso do Sul. E já afetaram jacarés; brigadista­s encontrara­m 35 carcaças queimadas do réptil
Caimans do Sul do Pantanal/divulgação Assim como na Amazônia, as queimadas florestais atingem também o Pantanal, em Mato Grosso do Sul. E já afetaram jacarés; brigadista­s encontrara­m 35 carcaças queimadas do réptil

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