Alta do dólar eleva fatura de compra internacional
Queda era esperada após aprovação da reforma do INSS, mas há crise mundial
Brasileiros que voltaram das férias de julho neste ano com o cartão de crédito recheado de despesas em dólar foram surpreendidos. Ainda que reformas sejam importantes para equilibrar a economia (e o preço do dólar), enquanto o mundo lá fora estiver em crise, a moeda norte-americana não será tão baixa quanto foi alardeado pelo mercado financeiro.
Na semana passada, o dólar voltou a ser negociado acima de R$ 4, quando começa a ficar caro para o consumidor. E quem gastou em julho, após o primeiro aval à reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, pode ter despesa internacional 8% maior em agosto.
Logo após a votação, a moeda chegou a ir aos R$ 3,70 esperados pelo mercado financeiro para o fim deste ano. No entanto, o dólar retomou a trajetória de alta e superou os R$ 4 após os argentinos surpreenderem o mercado financeiro com uma primeira chancela à volta de kirschneristas, de esquerda, ao poder. A eleição é em outubro.
O contágio externo que faz o dólar subir não vem só da Argentina: com Estados Unidos e China travando uma guerra comercial cada vez mais ferrenha, investidores fogem de países arriscados, como é o Brasil, rumo à segurança da dívida pública americana. Na saída, levam dólares e, ao enxugar a oferta da moeda americana no mercado doméstico, fazem o preço subir.
Jerson Zanlorenzi, do BTG Pactual digital, diz que o Brasil ainda se sai bem, dado que as demais moedas emergentes perderam mais. O banco mantém previsão de dólar a R$ 3,70 ao final deste ano. (Folha)