Voto ‘Bolsodoria’ esbarra em briga com Major Olímpio
João Doria bem que tentou, mas suas investidas para pegar carona na popularidade de Jair Bolsonaro esbarram numa briga que já dura duas décadas entre Major Olímpio, senador eleito pelo PSL do presidenciável, e seu partido, o PSDB.
“Não abraço meu carrasco. Não os tenho [tucanos] como adversários, e sim como inimigos”, diz Olímpio. Por anos, ele, deputado estadual de 2007 a 2015, foi oposição aos governos tucanos em São Paulo —sobretudo por discordar do tratamento que a legenda dava aos policiais.
Policial militar da reserva, Olímpio já chamou o então governador Geraldo Alckmin de “inimigo público nº 1 da polícia de São Paulo” e o apelidou de Malckmin. O próprio lembra que, em 2008, quando o tucano no Palácio dos Bandeirantes era José Serra “rebatizou” o significado de PSDB para “Pior Salário Do Brasil” —uma crítica à política salarial do estado para a classe.
Em setembro de 2017, Alckmin participava de um evento da PM e, a poucos metros, Olímpio protestava num microfone: “Cadê o salário da polícia?”. Alckmin explodiu. Aos berros, disse que o deputado deveria se envergonhar. “Alguém aqui ganha R$ 50 mil do povo de São Paulo? Olha ele que está gritando. Ele ganha R$ 50 mil. Devia ter vergonha.”
Olímpio, disse à época ter duas fontes de renda: R$ 21 mil como major aposentado da PM e R$ 33 mil como deputado federal. Doria, afirma o futuro senador, não o engana: agora está “alinhado por conveniência” a Bolsonaro, mas reproduz as malfeitorias do tucanato.