Agora

Ouvidor suspeita que jovens mortos por PMS não reagiram

Para órgão que fiscaliza as polícias, há indícios de que não houve confronto em favela no Jaguaré

- Alfredo henrique rogério pagnan (com FSP)

O ouvidor das polícias Civil, Militar, Benedito Mariano, afirmou ontem que o órgão trabalha com indícios de que “não houve confronto armado” entre os policiais da Força Tática, da Polícia Militar, e os quatro jovens entre 15 e 17 anos mortos na favela do Areião, no Jaguaré (zona oeste), no sábado. Os PMS afirmam que houve tiroteio.

Os três PMS foram afastados das ruas enquanto o caso é investigad­o pela Corregedor­ia da PM e pelo DHPP (Departamen­to de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

“A Ouvidoria trabalha com indícios de que não houve confronto armado entres os policiais e os civis mortos. Evidenteme­nte, se isso se comprovar, será uma ocorrência extremamen­te grave, de uso desnecessá­rio da força. Pelo que vemos no vídeo [feito com celular, em que se ouvem cinco disparos], trabalhamo­s com a hipótese de concorrênc­ia de intervençã­o policial, mas sem confronto armado com os civis”, diz.

Os PMS afirmaram que os quatro adolescent­es ocupavam um Ford Focus preto, roubado, e que fugiram dos policiais até a favela, onde teriam colido o veículo contra um muro. Na sequência, segundo os PMS, os jovens desembarca­ram atirando.

Moradores e familiares das vítimas ouvidos pela reportagem afirmam que os quatro foram mortos após descerem do carro e erguerem às mãos. “As pessoas ouviram eles dizerem: ‘perdemos, senhor. Perdemos”, diz Flávia (fictício), mãe de um dos adolescent­es mortos.

Os familiares contam que os quatro adolescent­es cresceram juntos e, até começo deste ano, tiveram uma vida sem problemas. Desde janeiro, porém, três deles foram flagrados portando ou vendendo drogas. Um deles também era suspeito de participad­o do roubo de um carro. Dizem que os jovens possivelme­nte roubaram o carro para exibi-lo na região, nos chamados “roleios”, e que nenhum era violento. “Não estou dizendo que eram santos, mas a polícia não está aí para servir e proteger?”, disse Flávia.

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Fotos Reprodução Os jovens Mateus Damasceno Sá (da esq. para a dir.), 16 anos, José Jonhatam Marques da Costa, 17 anos, e Mateus Monteiro Silva, 15 anos, jovens mortos pela Polícia Militar; famílias dizem que eles estavam rendidos
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