Ex-governador Beto Richa e aliados são presos no Paraná
Candidato ao Senado, tucano foi alvo de ações da Promotoria e fala em oportunismo
O ex-governador do Paraná Beto Richa, atual candidato ao Senado pelo PSDB, foi preso temporariamente na manhã de ontem por suspeita de fraude em licitação de obras de estradas rurais no estado.
Na ação feita a pedido do Gaeco (grupo de combate ao crime organizado) do Ministério Público do estado, também foram presos a mulher dele, Fernanda Richa; o irmão de Richa e ex-secretário de Infraestrutura, Pepe Richa; o ex-chefe de gabinete, Deonilson Roldo; e o ex-secretário Ezequias Moreira.
Ao todo, 15 pessoas foram alvo de mandados de prisão temporária, ordenados pela Justiça Estadual do Paraná —no mesmo dia, a gestão de Richa foi alvo de nova fase da Operação Lava Jato.
As prisões atingem figuraschave no entorno do tucano, que estava em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para o Senado no Paraná, com 28%, segundo o último levantamento do Ibope.
Fernanda Richa era um dos principais cabos eleitorais do ex-governador. Ex-secretária da Família, era popular nas periferias e entre populações atendidas pelo governo.
Pepe Richa comandou a Infraestrutura, que reuniu Transportes, DER (Departamento de Estradas de Rodagem) e a superintendência do Porto de Paranaguá.
Roldo, por sua vez, que também foi alvo de um mandado de prisão preventiva na Lava Jato nesta terça, era considerado o homemforte do ex-governador e um de seus principais articuladores políticos.
O procurador Leonir Batisti, coordenador do Gaeco, negou que a data de deflagração da operação tenha sido intencional. “Não há vedação legal para fazer investigação no período eleitoral.”
A lei eleitoral prevê que, a contar de 15 dias antes da eleição, os candidatos só sejam presos em caso de flagrante. Ou seja, esse prazo passará a valer apenas no dia 22 de setembro.
O ex-governador tucano é suspeito de ter participado de fraudes no programa Patrulhas do Campo, de recuperação e abertura de estradas rurais no estado.
“É aquele padrão: licitação dirigida, pagamento de propina e eventual lavagem de dinheiro”, afirmou Batisti.
Ao menos 2.000 km de estradas foram recuperados ou abertos por meio do programa desde a primeira gestão de Richa, que governou o Paraná entre 2011 e 2018. Os crimes teriam sido cometidos entre 2012 e 2014.