Experimentou formas, sucessos e fracassos como autor de teatro
“O Terceiro Sinal”, que nasceu como ensaio-reportagem e se revelou monólogo no palco, voltou a cartaz no início do ano no Teatro Oficina. Otavio Frias Filho retrata nele o que presenciou ao atuar em dois espetáculos do grupo no mesmo teatro, ambos no papel de jornalista: o repórter policial Caveirinha, de “Boca de Ouro”, e Miroel Silveira, de “Cacilda”, homem de teatro e crítico da Folha nos anos 1950.
A estreia como autor ocorreu com a leitura de “Tutankáton”, por Bete Coelho e Marisa Orth, em 1991. A influência de Zé Celso e a oposição a ele vinham da adolescência, quando viajou ouvindo a sobrinha e afilhada do diretor, Ana Helena.
A primeira montagem profissional foi de “Típico Romântico”. Seguiu-se a produção bem-sucedida de “Rancor”, com Bete Coelho.
A ascensão sofreu um baque em seguida, 1995, com “Don Juan”. O resultado o fez enxergar em seus textos o que chamou de “insinceridade”. Otavio não voltou a produzir textos para o palco com a mesma atenção, mas também nunca o abandonou, seguindo à sua maneira a trajetória de Nelson Rodrigues, talvez sua maior influência.
O Brasil e o jornalismo brasileiro, em especial, perderam hoje um dos mais atuantes e instigantes de seus líderes. Era um homem reservado, correto, talentoso e corajoso. Fará falta ao país, à sua família, ao jornalismo e à democracia.
Rodrigo Maia
‘Otavio criou um estilo profissional inovador e desenvolveu um trabalho extremamente respeitável. Sem sombra de dúvida, perdemos um grande profissional no jornalismo do nosso país.
Cármen Lúcia
Símbolo do respeito e da luta pela liberdade, em especial a de expressão. A tristeza por sua morte há de ter a extensão do significado de sua vida, generosa e comprometida com os melhores valores democráticos e republicanos.
O Brasil perdeu um grande brasileiro, um intelectual extraordinário e um jornalista revolucionário. Uma pessoa muito agradável. É uma grande dor.
José Serra
Aprendi com ele a reconhecer melhor o Brasil, depois dos 14 anos de exílio. Ele escrevia extraordinariamente bem.
João Roberto Marinho
Firme em suas posições, nunca abandonou seu jeito gentil, de saber ouvir, de se interessar pelo que o outro dizia, mesmo se discordasse. Apesar da posição de destaque, sempre preferiu a discrição, qualidade dos que sabem que a obra diz mais do que o homem.
Ele deixa um buraco sem tamanho, por ser um homem digno, uma inteligência que conseguiu permear o país através do que escreveu no jornal, nos ensaios, na dramaturgia.
Giulia Gam
É o homem mais brilhante que conheci. Viveu uma vida muito íntegra. Foi alguém muito autêntico e peculiar.
Zé Celso
As melhores entrevistas que eu dei foram para ele. (...) Ele tinha uma vocação enorme para teatro. Poderia ter ido longe. E, num certo sentido, teve que sacrificar um pouco do teatro para dirigir a Folha.