Agora

Motoristas passam um dia inteiro em fila de posto vazio

Teve até churrasco em Campo Limpo para esperar combustíve­l que foi prometido para domingo à noite

- William cardoso (com UOL)

Até um dia na fila para obter combustíve­l em posto onde havia só a promessa da chegada de caminhões com o produto. Esse foi o cenário encontrado ontem na capital. Onde havia gasolina, a espera foi de até oito horas para encher o tanque.

Em um posto próximo ao Hospital Municipal do Campo Limpo (zona sul), frentistas foram chamadas às pressas, domingo à tarde, porque havia a promessa de que um caminhão carregado abasteceri­a as bombas. A especulaçã­o foi o suficiente para que uma longa fila, que chegou a 2,5 km, se formasse na estrada de Itapeceric­a. Até ontem à noite, entretanto, nada do caminhão.

Sem perspectiv­a, motoboys organizara­m um churrasco. “Já foram 5 kg de carne, 2 kg de linguiça, 30 pães e oito caixinhas de cerveja. Fomos para o segundo saco de carvão. Começamos às 10h [já passava das 16h] e vamos ficar até a gasolina chegar. Não temos como voltar para casa”, disse Lucas Dias, 30 anos, que trocou o guidão da moto pelos espetos.

O supervisor de segurança Carlos Domingos Oliveira, 54, chegou com amigos à fila no início da noite de domingo. E permanecia no posto até as 19h de ontem. “Isso é uma vergonha, uma safadeza. Eles têm combustíve­l para botar no avião da seleção, mas não para o povo que quer trabalhar”, falou.

Na avenida Salim Farah Maluf, no Belém (zona leste), o motoboy Rogério Bispo, 33 anos, ficou das 9h40 às 17h30, mas a paciência rendeu tanque cheio. “Foi muito tenso. Eram 11 mil litros quando cheguei e, assim que encostei no bico [bomba] só tinha 4.000”, disse.

Na avenida Heitor Penteado (zona oeste), houve fila com cerca de 200 carros em um posto, por mais de dez quarteirõe­s. “Estou aqui há mais de três horas na fila. Vim do Butantã [zona oeste]. Trouxe um balde para tentar encher à parte, mas avisaram que não vão deixar”, disse o motorista de Uber Guilherme Luciano da Silva, um dos primeiros da fila.

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William Cardoso/folhapress Motoboys acenderam churrasque­ira para assar carne e linguiça, e consumiram oito caixas de cerveja, até o começo da noite de ontem, em posto da zona sul de SP, à espera da gasolina prometida domingo

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