Motoristas passam um dia inteiro em fila de posto vazio
Teve até churrasco em Campo Limpo para esperar combustível que foi prometido para domingo à noite
Até um dia na fila para obter combustível em posto onde havia só a promessa da chegada de caminhões com o produto. Esse foi o cenário encontrado ontem na capital. Onde havia gasolina, a espera foi de até oito horas para encher o tanque.
Em um posto próximo ao Hospital Municipal do Campo Limpo (zona sul), frentistas foram chamadas às pressas, domingo à tarde, porque havia a promessa de que um caminhão carregado abasteceria as bombas. A especulação foi o suficiente para que uma longa fila, que chegou a 2,5 km, se formasse na estrada de Itapecerica. Até ontem à noite, entretanto, nada do caminhão.
Sem perspectiva, motoboys organizaram um churrasco. “Já foram 5 kg de carne, 2 kg de linguiça, 30 pães e oito caixinhas de cerveja. Fomos para o segundo saco de carvão. Começamos às 10h [já passava das 16h] e vamos ficar até a gasolina chegar. Não temos como voltar para casa”, disse Lucas Dias, 30 anos, que trocou o guidão da moto pelos espetos.
O supervisor de segurança Carlos Domingos Oliveira, 54, chegou com amigos à fila no início da noite de domingo. E permanecia no posto até as 19h de ontem. “Isso é uma vergonha, uma safadeza. Eles têm combustível para botar no avião da seleção, mas não para o povo que quer trabalhar”, falou.
Na avenida Salim Farah Maluf, no Belém (zona leste), o motoboy Rogério Bispo, 33 anos, ficou das 9h40 às 17h30, mas a paciência rendeu tanque cheio. “Foi muito tenso. Eram 11 mil litros quando cheguei e, assim que encostei no bico [bomba] só tinha 4.000”, disse.
Na avenida Heitor Penteado (zona oeste), houve fila com cerca de 200 carros em um posto, por mais de dez quarteirões. “Estou aqui há mais de três horas na fila. Vim do Butantã [zona oeste]. Trouxe um balde para tentar encher à parte, mas avisaram que não vão deixar”, disse o motorista de Uber Guilherme Luciano da Silva, um dos primeiros da fila.