É preciso ter
Para especialistas em gerenciar carreiras, o sucesso também exige inteligência emocional da pessoa
Até bem pouco tempo, a meta das pessoas era conseguir uma carreira de sucesso baseada em um conceito —que vem de gerações— de que para nos desenvolvermos era suficiente uma boa base educacional que nos levasse a um bom curso universitário, com uma boa pósgraduação (mestrado, doutorado, pós-doutorado).
No entanto, segundo Carlos Nascimento, neurocoach especialista em desenvolvimento construtivista estratégico de pessoas e carreiras, os conceitos mudaram. “Tais conceitos têm se mostrado cada vez mais insuficientes para dar respostas objetivas e de alto desempenho em nosso meio produtivo, seja na indústria, no agronegócio ou nos serviços, onde estão lotados os cargos mais estratégicos, de melhor ocupação e remuneração.”
Para o especialista, hoje, não é necessário apenas ter uma visão ampla da carreira e uma formação sólida. É preciso, acima da tudo, saber gerenciar as próprias emoções. Isso exige autoconhecimento e inteligência emocional. Também é importante fazer a gestão das situa- ções, com fatos inesperados que surgem.
“A gestão das emoções também precisa ser incluída nas metas de quem procura sucesso na carreira.”
Nascimento lembra que, no Brasil, 82% das pessoas economicamente ativas desenvolvem suas atividades dentro de um altíssimo grau de estresse. Na Europa, este mesmo índice oscila entre 2% e 7%, sendo a média mundial 11%. Por isso, é preciso ter inteligência emocional.
Outra informação bastante relevante é a que apresenta o Brasil como campeão mundial em rotatividade no emprego. “Pelo menos 76% de trabalhadores em todos os níveis de cargos e salários deixam seus empregos por falta de gestão de suas emoções, com repercussão direta nos seus relacionamentos interpessoais”.
Elizabeth Guedes, vicepresidente da Anup (Associação Nacional das Universidades Particulares), concorda com Nascimento. “Não são as habilidades técnicas, mas a capacidade de entender o outro, de entender a empresa, de compartilhar resultados e ter inteligência emocional são os desafios mais importantes, muito mais difíceis de serem superados do que propriamente ter um bom currículo acadêmico”, afirma ela.