Fim de feira na política
Dizem que, na política, quando alguém fica fraco, outro se fortalece. Mas, em 2017, essa regra não valeu.
Quase todos os personagens importantes do poder perderam prestígio no ano que se encerra. Superar crises ficou parecendo até uma grande vitória.
O maior sobrevivente da temporada foi, sem dúvida, o presidente Michel Temer (PMDB). Com a popularidade no chão e rodeado de escândalos, ele conseguiu escapar de perder o cargo.
Primeiro, numa votação apertada do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que rejeitou a cassação de sua chapa na campanha de 2014, mesmo com sinais de sobra de abuso do poder econômico.
Depois, quando a Câmara dos Deputados barrou as denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República por causa da famosa conversa entre o presidente e Joesley Batista, da JBS.
Mas o então procurador-geral, Rodrigo Janot, também saiu por baixo, devido a seu acordo muito generoso e mal explicado com o empresário e sua turma.
O PSDB, que parecia nadar de braçada após o impeachment de Dilma Rousseff (PT), se afundou nos próprios problemas. O senador Aécio Neves (MG) também foi pego no grampo da JBS, e o partido passou meses discutindo se continuava ou não apoiando o governo.
Já o PT aposta todas as suas fichas num candidato à Presidência que já foi condenado por corrupção e pode ser impedido de concorrer.
Num cenário de fim de feira como esse, parece que a própria política do país está desacreditada. Quem for eleito em 2018 vai ter de dar um jeito nisso, se quiser governar sem crise.