Procurador da Lava Jato critica encontro de Dodge com Temer
Integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou ontem que “encontros fora da agenda não são ideais para a situação de nenhum funcionário público”.
Ele se referia à reunião do presidente Michel Temer com a sucessora de Rodrigo Janot no comando da Procuradoria-Geral da República, Raquel Dodge, que não consta- va na agenda presidencial.
Questionado a respeito do assunto em evento sobre compliance (atividades internas das empresas para evitar e detectar desvios) ontem, em São Paulo, o procurador citou a força-tarefa como exemplo e disse que recusou um encontro com Temer quando ele ainda era vice de Dilma Rousseff.
“Às vésperas do dia da votação do impeachment, fo- mos convidados a comparecer ao Palácio do Jaburu à noite e nos recusamos, porque entendíamos que não tínhamos nada a falar com o eventual futuro presidente naquele momento”, disse.
Segundo ele, o contato foi feito pelo então assessor de Temer Rodrigo Rocha Loures, preso em junho deste ano com mala de R$ 500 mil, na delação da JBS, usada por Janot na denúncia contra Te- mer por corrupção passiva.
Dodge se reuniu com Temer no último dia 7 e, ontem, afirmou que formalizou o pedido da reunião por email, na véspera. Ela afirma que apenas discutiu a cerimônia de sua posse.
Para Lima, “é claro” que Dodge tem que se explicar. “Ela deu uma explicação e tem que ser cobrada pelas consequências desse ato” afirmou o procurador.