Artista acusa shopping de racismo contra seu filho
Segurança perguntou, segundo relato, se o garoto o incomodava porque ‘não pode deixar pedintes’
Um menino negro de 7 anos foi vítima de racismo no Shopping Pátio Higienópolis (região central), por volta das 18h40 da última sexta-feira, segundo relato do seu pai. De acordo com o artista plástico Enio Squeff, 73 anos, ele tomava chá com seu filho Raul, quando foi abordado por uma segurança, que lhe perguntou se o garoto o incomodava.
Squeff ficou surpreso com o questionamento, segundo seu relato em uma rede social, e ao perguntar os motivos para a abordagem ficou ainda mais indignado.
“Ela explicitou: tinha ordens de não deixar ‘pedintes crianças’ molestarem a quem quer que fosse no shopping”, escreveu o artista plástico em seu texto.
O pai disse que discutiu com a funcionária, que também é negra, segundo ele, e ela se desculpou pelo mal entendido, mas que a prática faz parte da recomendação da administração do centro de compras.
Em entrevista ao Agora, Squeff disse que, mesmo furioso com a situação, não quis fazer uma queixa formal ao shopping, já que a mulher poderia perder o emprego.
“Até que eu cheguei em casa e fui convencido pela mãe do Raul a fazer um texto e publicar nas redes sociais. Ela entrou em contato com o shopping para fazer uma queixa formal e estamos esperando um pedido de desculpas por escrito”, contou.
Ele disse também que estuda fazer um boletim de ocorrência e processar o estabelecimento. “Estou sendo incentivado a fazer isso por amigos brancos que têm filhos negros e amigos negros com filhos negros”, disse Squeff.
O artista plástico disse que fazia parte da rotina buscar o filho no Colégio Nossa Senhora de Sion, que fica a 300 me- tros do shopping, e o levava para jantar no local. Ele conta que entraram no estabelecimento e foram para o andar superior, onde está instalada a praça de alimentação.
Após terminarem de jantar, pai e filho desceram para um quiosque de chá, já que o menino gosta da bebida.
“O dono da loja de chá até já conhece o Raul. Faz parte da nossa rotina. Ele nos deu todo o apoio e no momento da discussão se aproximou para nos ajudar”, contou.