Coletores ficam famosos com fotos em caminhão de lixo
Funcionários com foto e nome estampados em veículos sentem gostinho da fama e carinho de moradores
Manoel, Celestino, Adriano e José fazem parte de uma das centenas de equipes de coletores de lixo da cidade. Mas, no Dia do Trabalho, os quatro saíram do anonimato. Desde que a foto e o nome de cada um deles foram estampados no caminhão que usam para trabalhar, viraram famosos nas ruas por onde passam.
No entanto, se por acaso algum distraído não reconhecer o quarteto da foto, eles têm uma tática. “É só tirar o boné”, disse Celestino Alves Pereira, 47 anos, o mais bem humorado da turma. “A gente vai ficar famoso”, falou o fã do Jorginho (ex-lateral direito da Seleção), que só não foi jogador por “falta de oportunidade”. Era talentoso, garante.
A iniciativa da empresa Loga, concessionária responsável pela coleta nas zonas norte, oeste e centro, deu aos profissionais o incentivo para se orgulharem do trabalho. A remuneração dos coletores é R$ 1.381,29 e a dos motoristas, R$ 2.208,45, além de vale-alimentação, refeição e plano de saúde.
Se antes boa parte dos moradores sequer dava bom dia, agora ficam de “tocaia” esperando o caminhão para ver de perto as fotos e os trabalhadores. “A gente estava na rua e uma mulher saiu correndo para ver as fotos. Ela tinha visto a notícia na televisão”, contou Adriano Aparecido Catarina, 39 anos, no ramo há 17 anos.
Estudos
José Colégio de Oliveira, 48 anos, que apesar do nome nunca pisou em uma sala de aula, fala emocionado ao ver as únicas duas palavras que sabe ler e escrever gravadas na caçamba: seu nome. “Onde a gente passar vão saber quem sou eu”, disse.
Sobre sonhos para o futuro, é modesto: voltar para a cidade natal, Nova Olinda (CE), após se aposentar. “Vou cuidar de um pedacinho de terra que o meu pai deixou.”
Mais experiente do grupo, o motorista Manoel Francisco de Melo, 49 anos, lembra com orgulho do esforço para conseguir terminar os estudos e alcançar uma promoção na empresa. “Eu ia para a escola à noite, saía da aula às 23h, ia para casa dormir e, quando era 4h, já estava de pé de novo”, disse. No ramo há 29 anos, ele deixou de ser coletor e virou motorista há 19.