Correio da Manhã Weekend

Rede legaliza imigrantes através de subornos

‘Clã Ali’ liderado por advogado de Lisboa que envolveu três irmãos e um sobrinho Pagavam a uma inspetora do SEF, dois elementos do Fisco e dois da Segurança Social

- SÉRGIO A. VITORINO

Sabirali Ramen Ali, advogado de Lisboa, de 58 anos, era o cabecilha. O chefe da “casta organizada ou clã” familiar que, de acordo com o Ministério Público, mandava numa rede de imigração ilegal na qual participav­am ainda a inspetora do SEF Sónia Francisco, dois funcionári­os do Fisco e dois da Segurança Social, bem como mais três advogados. Estão todos entre os 35 acusados no processo Rota do Cabo, investigad­o pela Unidade Nacional Contraterr­orismo da PJ.

De acordo com a acusação, a rede estava ativa desde 2015 a cobrar - a irmã de Sabirali anotou, por exemplo, 63 mil euros com 557 ‘clientes’ em quatro meses - para legalizar irregularm­ente milhares de imigrantes do Brasil, África, Bangladesh, Paquistão, Índia e Nepal. Além de Celina Ali, de 55 anos, estão ainda acusados Muradali (gémeo de Sabirali), a mulher e um filho e Assarafali, irmão mais velho do cabecilha. A família criou “redes compostas por dezenas”, com conhecimen­tos especializ­ados, que conseguiam, através de subornos, documentos oficiais como números da Segurança Social e fiscal, vistos de trabalho, autorizaçõ­es de residência e até nacionalid­ade portuguesa com certidões de nascimento falsas de supostos ascendente­s em Goa, Damão e Diu. Mantinham angariador­es e parceiros para “casamentos por conveniênc­ia”. Os advogados Ana Bernardi e João Vaz tinham, acusa o Ministério Público, trabalhado para ele e mantinham atividade paralela e idêntica ao “clã Ali”.

A rede criou dezenas de empresas de fachada que, sem atividade, empregaram milhares de imigrantes. Tudo para tornar aparenteme­nte legal os contratos de trabalho que serviam obter números da Segurança Social para legalizar os estrangeir­os. Na acusação, o Ministério Público destaca o “elevado profission­alismo e sofisticaç­ão” da rede. Sabirali Ramen Ali queria “enriquecer”.n

COM CONTRATOS FALSOS, CASAMENTOS E NASCIMENTO­S NA ÍNDIA

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1 Sabirali Ramen Ali quando foi detido pela PJ em outubro de 2019 2 Ana Bernardi acusada no esquema 3 Sónia Francisco é inspetora do SEF

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