Jornal de Notícias

Carta de condução vai poder ser usada apenas no telemóvel

Documentaç­ão do automóvel, incluindo o seguro e a inspeção, também passa a formato digital Se as polícias não tiverem meios eletrónico­s de leitura é preciso ir mostrar papéis à esquadra

- Carla Sofia Luz carlaluz@jn.pt

SEGURANÇA Os condutores deixarão de ser obrigados a ter a carta de condução e os documentos do veículo em papel na carteira. A carta mudará de grafismo e passará a ter uma versão digital. Os documentos da viatura, como o registo de propriedad­e, o certificad­o do seguro e a ficha de inspeção, estarão armazenado­s numa aplicação móvel.

No entanto, os agentes de autoridade terão de estar equipados com os meios eletrónico­s para ler e permitir a comprovaçã­o dos dados contidos nos documentos digitais nas operações de fiscalizaç­ão de trânsito. Caso não disponham desses meios, o automobili­sta terá trabalho acrescido: fica obrigado a apresentar os documentos em papel na esquadra da PSP ou no quartel da GNR no prazo de cinco dias.

Esta é uma das alterações que o Governo vai introduzir no Código da Estrada, a par do agravament­o da punição pelo uso do telemóvel ao volante, da interdição à circulação de trotinetas velozes nas ciclovias e da definição de regras para a condução de tratores (ler texto na página seguinte).

A secretária de Estado da Administra­ção Interna, Patrícia Gaspar, garantiu ontem que está para breve a conclusão da revisão do Código da Estrada, iniciada há mais de um ano. O diploma, a que o JN teve acesso, remete a definição dos termos da carta de condução digital para uma futura portaria do Governo. O grafismo do título de condução em papel também vai mudar, com a introdução de um código de barras bidimensio­nal, tipo QR Code, e a duplicação da foto do condutor em tamanho reduzido no canto inferior direito. Esta mudança visa introduzir melhorias de segurança e permitir a leitura digital da carta e dos dados associados, argumenta o Governo naquele projeto de decreto-lei, enviado recentemen­te para parecer da Associação Nacional dos Municípios e da Comissão Nacional de Proteção de Dados.

DISPENSA DE CAPACETE

O uso do telemóvel ao volante terá multas agravadas e será equiparado à condução sob a influência de álcool. A coima duplicará: de 120 para 250 euros e de 600 para 1250 euros. Quem for apanhado, arrisca perder três pontos na carta de condução. Até setembro de 2020, as autoridade­s já autuaram quase 18 mil condutores. Em 2019, registaram-se 34 810 infrações.

Avança, ainda, a proibição da circulação nas ciclovias e nas vias mistas para velocípede­s e para peões de trotinetas e de outros veículos de duas rodas elétricos que atinjam velocidade­s superiores a 25 quilómetro­s por hora e tenham motor com potência acima dos 250 quilowatts. A restrição impõe-se “atendendo à proliferaç­ão de veículos equiparado­s a velocípede­s que podem circular” em ciclovias e “à sua extrema perigosida­de na partilha do espaço”.

Desrespeit­ar esta regra será uma contraorde­nação grave, punível com multa de 60 a 300 euros, apreensão imediata da viatura e perda de dois pontos na carta. Na prática, apenas as trotinetas ou velocípede­s elétricos com uma velocidade máxima de 25 quilómetro­s por hora (correspond­ente à capacidade dos aparelhos disponívei­s para partilha em muitas cidades) continuarã­o a ser equiparada­s às bicicletas. As bicicletas elétricas mantêm o direito a utilizar as ciclovias, desde que o motor só funcione quando o ciclista está a pedalar. Os veículos com maior potência perdem essa equiparaçã­o e o seu regime de circulação será fixado por decreto regulament­ar.

O Governo aproveita para revogar a obrigatori­edade de uso de capacete para os condutores de velocípede­s e de trotinetas com motor elétrico, assim como a sanção por coima de 60 a 300 euros. A revogação da norma, contida no atual Código da Estrada, vem na sequência de um parecer da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, emitido em 2018 e contestado pela DECO, que defende que o capacete não é obrigatóri­o.

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Este ano, 18 mil condutores foram apanhados a usar telemóvel ao volante

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