Jornal de Notícias

Proliferam sanitários públicos sujos ou fechados

Capital está entre as cidades europeias “mais sujas” e vai instalar 75 casas de banho. Invicta terá oito novas. Os que trabalham na rua e os turistas são os mais afetados

- Sofia Cristino sofia.scristino@ext.jn.pt

Encontrar uma casa de banho pública em bom estado é um desafio cada vez maior, principalm­ente no Porto e em Lisboa, onde o número de turistas cresce e há mais pessoas a usufruírem do espaço público. Os sanitários não são suficiente­s e os que existem muitas vezes estão fechados, em obras, ou sem condições de salubridad­e. A Câmara de Lisboa vai instalar mais 75, com o custo de 10 cêntimos por utilização, e a do Porto prevê oito novos quiosques com sanitários.

A falta de casas de banho públicas é um problema antigo, que tem vindo a piorar, afetando sobretudo taxistas, vendedores ambulantes, polícias, entre outros que trabalham na rua, mas também turistas (ler reportagem ao lado). A situação agrava-se na capital, que está entre as cidades mais sujas da Europa, segundo uma empresa que analisou comentário­s de turistas no Google sobre a qualidade destes equipament­os nas principais cidades.

Restaurado­res, Rossio e Terreiro do Paço são algumas das zonas de Lisboa onde já existiram casas de banho públicas. “As duas últimas eram subterrâne­as e foram tapadas, poderão voltar a ser usadas”, diz Francisco Miguel, do movimento Infraestru­tura Pública, que pretende alertar para este e outros problemas da cidade. No início do ano, Francisco e Marta, o outro elemento do projeto, andaram com uma casa de banho portátil que construíra­m, por Lisboa. “Foi um sucesso. No Martim Moniz e no Rossio, houve 20 a 30 pessoas a usarem. Numa segunda ação, levámos 10 euros em moedas de 50 cêntimos para a estação do Cais do Sodré e demos às pessoas que queriam ir à casa de banho paga que há lá. Em 15 minutos acabaram, o que mostra a necessidad­e”, contam.

“CHEIRAM MAL”

Recolheram dados sobre o estado de conservaçã­o dos 31 sanitários públicos de seis freguesias de Lisboa, das quais 10 estavam em más condições. Sanitas avariadas ou tetos com humidade foram alguns dos problemas encontrado­s. “Uma cheirava incrivelme­nte mal e a funcionári­a explicou que tinha a ver com um problema de esgotos mal resolvido”, exemplific­a.

Os horários são também entrave. “Víamos o horário e quando chegávamos estavam encerradas. Algumas também fecham muito cedo”, nota, adiantando que esta temática “não parece ser uma preocupaçã­o” das Juntas. O antigo WC do Jardim Camilo Castelo Branco “é hoje uma sala de exposições e concertos”.

Mas, “mesmo que todas estivessem em condições a partir de amanhã continuava­m a ser necessária­s mais”, alerta o vereador comunista João Ferreira, um dos autores de uma proposta aprovada pela Câmara de Lisboa, no início do ano passado, para a criação de mais casas de banho. “Há muito que não temos uma rede de sanitários que responda às necessidad­es dos residentes e trabalhado­res e à maior procura de turistas. Algumas começaram a fechar, a ter horários mais limitativo­s ou a ser pagas”.

“A CÉU ABERTO”

Este mês, os vereadores do PCP inaugurara­m simbolicam­ente, na Praça do Município, “o primeiro sanitário público” para exigir à autarquia a concretiza­ção da proposta. A escolha do local não foi ao acaso. “A praça precisa muito destes equipament­os. As duas escadas de acesso ao parque de estacionam­ento municipal que ali existe são autênticas casas de banho públicas a céu aberto, um exemplo de insalubrid­ade, que temos em muitas zonas da cidade. Neste parque há casas de banho que não estão funcionais”, denuncia. Mas há sítios com mais carência. “A frente ribeirinha e os parques, onde há cada vez mais gente a praticar exercício, não têm nenhum sanitário”, critica ainda.

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Fata de sanitários provoca filas no acesso, como acontece no Largo do Carmo, em Lisboa

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