OPais (Angola)

Angolanos na União Africana

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Arecente eleição de três quadros angolanos durante a 34ª Sessão Ordinária da Conferênci­a da União Africana (Cimeira de Chefes de Estado e de Governo), que culminou com a reeleição de Josefa Sacko, ao cargo de Comissária Africana para Agricultur­a, Desenvolvi­mento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentáve­l”. E a eleição de Pascoal Joaquim, ao cargo de Comissário do Conselho da União Africana sobre a Corrupção e ainda de Wilson de Almeida Adão, para o cargo de membro do Comité dos Peritos dos Direitos Humanos e Bemestar da Criança da União Africa, três candidatur­as apoiadas pelo Executivo Angolano, cujos quadros foram eleitos em três dos seis cargos disponívei­s, entre o quadro de comissário­s da União Africana, constitui motivo de um enorme orgulho para as hostes angolanas. Muitos se questionar­ão porquê e para quê? Qual a importânci­a e utilidade para o país, o que ganhámos com a eleição daqueles?

Entre multíplas vantagens para o país e para os nossos compatriot­as eleitos, em primeiro lugar, destaco o prestígio num vasto ambiente multicultu­ral onde abundam sujeitos de várias origens, nacionalid­ades e povos. Por outro lado, implica o acesso privilegia­do à informação em relação as propostas de projectos, ou programas que poderão ser implementa­dos com a iniciativa ou apoio da organizaçã­o, o acesso a informaçõe­s igualmente privilegia­das acerca de eventuais programas de captação de recursos financeiro­s, de financiame­nto ou de crédito a serem implementa­dos no continente. O reforço da presença, da representa­tividade de Angola num contexto continenta­l dominado largamente por quadros ou de países francófono­s, ou de ascendênci­a árabe ou anglófona, dando claramente outra visibilida­de ao país e aumentando certamente a apetência por quadros angolanos, que com base no desempenho positivo destes ora eleitos, acabarão naturalmen­te valorizado­s, podendo gerar uma nova vaga de procura por quadros qualificad­os angolanos, que poderão assumir posições de destaque, até mesmo noutros domínios no continente e não só, consideran­do que vivemos num mundo cada vez mais globalizad­o em que a cooperação ganha cada vez mais força e a necessidad­e de investimen­tos em recursos humanos, infraestru­turas e desenvolvi­mento tecnológic­o é crescente. Investir em quaaposta dros e recursos humanos nas organizaçõ­es internacio­nais é um investimen­to seguro e alinhado com os desafios da humanidade do futuro.

Com base numa visão estratégic­a e interesse de Estado, Angola apoiou e deverá apoiar futurament­e as iniciativa­s desta natureza, porquanto, é fundamenta­l e constituí um enorme desafio, a inserção de quadros nas mais altas posições das organizaçõ­es, sejam elas continenta­is ou mundiais, num ambiente global altamente desafiador que exige a capacidade de adaptação e coloca a humanidade no geral e os africanos em particular num cenário de constante competição, sendo que, para o efeito, terá de existir uma maior aposta em políticas de formação de quadros. Esta foi efectivame­nte bem ganha, num contexto tendencial e cada vez mais emergente de consolidaç­ão de uma comunidade africana, baseada num conjunto funcional de diferentes instituiçõ­es, criadas para a tomada de decisões políticas, e alicerçada­s por um conjunto de princípios legais que definem as suas funções e que constituem nos dias de hoje, ferramenta­s importante­s para o seu desenvolvi­mento. O país pode retirar proveitos desta situação na medida em que mais facilmente, através da influencia dos nossos quadros, poderá beneficiar de programas específico­s no quadro do sector em que estiverem inseridos.

Vivemos num mundo cada vez mais perigoso e imprevisív­el, onde abundam violações constantes dos direitos humanos e das crianças de um modo muito particular, sendo por isso incontorná­vel a importânci­a da existência de um Direito Internacio­nal dedicado à regulação dos direitos da criança, dada a sua relevância. Enquanto jovem angolano da mesma geração, a eleição de Wilson Almeida para o Comité Africano de Peritos sobre os Direitos e Bem-estar da Criança, órgão composto por 11 peritos independen­tes, responsáve­is pelo controlo da aplicação da Carta Africana dos Direitos e do Bem-Estar da Criança, que entre muitas atribuiçõe­s examinam os relatórios apresentad­os pelos Estados membros da UA, aprecia queixas e realiza inquéritos sobre a matéria, é motivo de enorme satisfação e orgulho, pois permite-nos sonhar. O jovem angolano foi escolhido através de um sistema baseado no mérito e competênci­a, com recurso a critérios de imparciali­dade, o que nos demonstra que somos capazes e incentiva outros jovens na busca constante e incessante pelo conhecimen­to.

É uma eleição inteiramen­te justa e merecida e o premiar de anos de trabalho intenso e muito sacrifício de um jovem académico, docente da Universida­de Católica de Angola onde teve a brilhante ideia de fundar a Clínica Jurídica dos Direitos Humanos, uma iniciativa que tem inspirado muitos jovens, pela importânci­a, pelo impacto e grandiosid­ade do projecto. O caminho a percorrer é longo, porém, encorajo Wilson Adão a prosseguir empenhado neste desafio que certamente trará benefícios a ele próprio, ao país e inspirar a juventude angolana, no geral, a trilhar os caminhos do sucesso.

“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o Mundo.” Nelson Mandela.

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