Robertinho e Proletário cantam amanhã no palco do Show do Mês
O segundo concerto da décima temporada do projecto da Nova Energia acontece amanhã à noite, no palco do Royal Plaza Hotel, evidenciando o companheirismo de dois antigos moradores dos bairros Rangel e Marçal, em Luanda
“Kamaxinde”, “Uaue man mano”, “Sanguito”, “Maladolo”, “Desespero”, “Sanguenguenga” e outros temas marcantes de Robertinho e Proletário são aguardados amanhã, a partir das 21h00, no Royal Plaza, em mais uma edição do Show do Mês, que terá transmissão na TPA 2 e streamig nas plataforma digitais da Nova Energia.
Os dois amigos são as propostas para o segundo concerto da décima temporada do Show do Mês que, à semelhança das Gingas do Maculusso, estiveram no Show do Live Hospitality em 2021, realizado durante a pandemia da Covid19. Na altura foram chamados os jornalsitas e entusiastas da música angolana Albino Carlos, Ismael Mateus e Reginaldo Silva, como convidados de painel, para falarem da trajectória dos artistas.
Os ensaios estão a decorrer na Brasom e os artistas prometeram uma noite mágica. À reportagem do Jornalde Angola encontrou o artista Robertinho a lapidar “Desespero” e “Kiowa”, na companhia de i nstrumentistas veteranos e reconhecidos como Teddy Nsingui, Kintino, Raúl Tollingas e Mias Galhetas. Benny Makanzo, Bucho, Bernas, Jackson, Nsaka, Dimitri,
Eufraim, Rigoberto, Chinguma, Raquel, Sultrana e jovens da secção das cordas estão a trabalhar nos temas, alguns com arranjos ajustados ao Show do Mês.
Proletário, vencedor do Top dos Mais Queridos em 1984, defende que será um momento para celebrar uma grande amizade e brindar os angolanos com músicas com história. Por seu lado, Robertinho diz que é sempre um prazer cantar no Show do Mês e partilhar o palco com Man Prole. “Vamos dar o nosso melhor, estamos a tra
balhar com artistas experientes e com uma produção exigente”.
O companheirismo dos dois antigos moradores do Rangel e Marçal foi cimentado no início da carreira no Aliança FAPLA Povo, em finais da decada de 70, depois na década seguinte quando consolidam as carreiras e mais tarde na Banda Chamavo, como fundadores, onde têm as impressões nos discos “Tempestade” e “Kimbombeia”. Proletário e Robertinho lutam para colocar no mercado os novos projectos discográficos.
Em entrevista publicada no Jornaldeangola, no dia 13 de Agosto deste ano, Proletário deu detalhes desta relação. “Começou no Marçal. Ele praticava alfaiataria e eu era marceneiro. Foi numa fase em que os brancos tinham ido embora, os armazéns ficaram abandonados e nós fizemos daquilo o nosso ganha pão. Comprávamos tecidos para vendermos nas ruas e foi assim que conheci o Robertinho. Depois ficamos a conhecer-nos melhor no FAPLA-POVO, ele era corista e baterista. Fizemo-nos amigos
e até hoje temos uma relação indestrutível e que carrega muita história”.
Robertinho, Fernando Lucas da Silva de nome próprio, nasceu em 1958, no Quessua, Malanje, mas foi em Luanda, no programa “Bom fim-de-semana”, que ganha visibilidade com a música “Nguma” . Passou pelos grupos Ébanos, Agrupamento Aliança FAPLA-POVO, Conjunto Diamantes Negros e Semba Tropical, em 1983. Nos seus sucessos constam “Kamaxinde”, “Massoxi”, “Sanguito”, “Joana”, “Desespero”, “Sessá”, entre outros, que podem ser encontrados nos discos “Joana” e “Kaquinhento”.
Proletário ou Man Prole, como é tratado pelos fãs, pertence a uma geração intermédia. Natural do Cuanza-sul, onde nasceu em 1957, o seu sonho pela música começou a concretizar-se em 1972, quando chegou à capital do país. No Bairro Caputo deu os primeiros passos, nos anos 80, tornando-se uma das principais referências da música nacional, com sucessos como “Lemba”, “Mama Kudilengo”, “Malandolo”, “Wawe nha mana”, “Sangueguenga” e “Maladolo”. Tem no mercado o disco “Caminhada” e está em processo de edição “Carolina do Ebo”, onde tem como tema promocional “Kanote”. Dentre os prémios, o Top dos Mais Queridos, edição 1984, marca a sua carreira.
O Show do Mês é uma iniciativa da produtora Nova Energia que arrancou em Janeiro de 2014 com a Selda. Desde esta época, os principais nomes da música angolana passaram pelo projecto. Os concertos temáticos também marcam os anos de existência, assim como as outorgas de diplomas de Doutores de Música Angolana que nos últimos anos tem feito para reconhecer o contributo dos artistas.