Rejeição de lista da oposição mobiliza protestos no Senegal
Milhares de senegaleses manifestaram-se, na quintafeira, em Dakar, contra a rejeição da lista nacional da oposição para as próximas eleições legislativas e, de forma mais geral, contra o Governo, exigindo mesmo a demissão do ministro do Interior, Antoine Diome noticiou a AFP.
Uma multidão densa em grande parte vestida com as cores nacionais verde, dourado e vermelho, concentrou- se numa atmosfera festiva de música e canto, enquanto as tensões políticas do momento levantavam temores de um despertar das paixões e da violência de Março de 2021.
O principal adversário do Governo, Ousmane Sonko, excluído do processo legislativo por decisão recente do Conselho Constitucional, foi saudado com aplausos. Uma coligação de oposição convocou manifestações contra o Presidente Macky Sall sobre vários temas: as manobras de que ele é acusado de usar para eliminar politicamente os oponentes, a sua suposta intenção de concorrer a um terceiro mandato em 2024, mas também o aumento de preços.
Desde que o pedido de autorização para manifestação foi apresentado, a essas preocupações se juntaram a questão da participação de Sonko e de várias figuras da oposição nas eleições legislativas de 31 de Julho. O Conselho Constitucional criou uma situação de incerteza quando confirmou a rejeição da lista nacional de Yewwi Askan Wi, liderada pelo partido de Sonko. Isso significa que Sonko, terceiro nas eleições presidenciais de 2019 e candidato declarado para as eleições de 2024, será excluído das eleições.
Na semana passada, duas coligações da oposição que se uniram disseram que pretendem ser a maioria no Parlamento contra o partido do Presidente Macky Sall e impedi-lo de concorrer a um terceiro mandato.
“O primeiro objectivo destas duas coligações é assumir o controlo da Assembleia Nacional, revogar todas as leis do actual regime, usadas por Macky Sall para destruir a democracia senegalesa conquistada por várias gerações de activistas e patriotas e ao preço de pesados sacrifícios”, vaticinaram.
Em segundo lugar, refer e m, é c onseguir uma reviravolta parlamentar c o m u ma Ass e mb l e i a Nacional que se reconcilie com o povo senegalês, que seja representativa e que i mponha a Macky Sa l l uma coabitação governamental responsável.
Bloquear a “perspectiva arriscada de Macky Sall de concorrer a um terceiro mandato, ilegítimo e inconstit ucional, nas e l e i ç ões presidenciais de 2024” é o terceiro objectivo, disse Mamadou Lamine Diallo, membro da oposição, citado pela AFP. A coligação Wallu Senegal (Salve o Senegal em Wolof), liderada pelo exPresidente Abdoulaye Wade, concluiu uma aliança com Yewwi Askan Wi (“Vamos libertar o povo”), liderada por Sonko, em apuros com a Justiça há várias semanas.