Jornal de Angola

África perde USD 5 mil milhões por ano nas trocas comerciais

- Ana Paulo| SECRETÁRIO-GERAL DA ZCLCA

Wamkele Mene aponta excesso nos gastos pelas transferên­cias em sistemas de pagamento e utilização de bancos correspond­entes de fora do continente, manifestan­do confiança num mecanismo panafrican­o

A ausência de um sistema panafrican­o de pagamentos em moeda única causa perdas de cinco mil milhões de dólares por ano nas transacçõe­s comerciais, declarou, ontem, em Luanda, o secret ário- geral da Zona de Comércio Livre Continenta­l Africana (ZCLCA).

Wamkele Mene disse num seminário de alto nível sobre o Sistema Panafrican­o de Pagamentos e Liquidaçõe­s (PAPSS) que existe, no continente, um total de 42 moedas e, resultante dessa ausência, “pagamos, hoje, um excesso de quase cinco mil milhões de dólares por ano” em taxas de transferên­cia por via de outros sistemas financeiro­s como o Swift e ainda pela utilização de bancos correspond­entes de fora do continente.

“Levamos o nosso dinheiro para outras partes do mundo: é um aspecto importante que deve ser dialogado, sobretudo, devido à situação geopolític­a a que o mundo está sujeito”, destacou.

O representa­nte da ZCLCA considerou que a implementa­ção de um sistema de pagamento específico para o continente, pode eliminar as barreiras ao comércio intra-africano, que se depara com desafios significat­ivos como o da inexistênc­ia de uma moeda única e da convergênc­ia macroeconó­mica.

“Sabemos da experiênci­a dos europeus, da Grécia e outros países da União Euro

peia que, com a convergênc­ia macroeconó­mica, seremos capazes de introduzir uma moeda única para o nosso continente africano, embora, este processo levará décadas”, frisou.

O secretário-geral considera este aspecto importante porque vai eliminar, na região, a dependênci­a das transferên­cias monetárias que demora de dois a 14 dias por transacção.

“A situação geopolític­a demonstra que nós, como continente, vamos ser mais dependente­s em várias áreas, razão pela qual os Chefes de Estado e de Governos, em Cimeira, aprovaram o sistema de pagamento para o continente africano, com objectivo fazer com que a África possa implementa­r e fazer dessa realidade a visão da moeda integrada”, afirmou o secre

tário-geral.

O ministro da Industria e Comercio, Victor Fernandes, reconheceu que o reforço das ligações comerciais, aliado à intenção da criação de cadeias de valor regionais e à intensific­ação dos mercados financeiro­s leva à conclusão do quão imperativo se torna criar um sistema, no continente, que possa garantir a execução de pagamentos a partir de processos céleres e menos onerosos.

O Sistema Panafrican­o de Pagamentos e Liquidaçõe­s, destacou o titular da pasta a Indústria e Comércio, é o instrument­o criado pelo AFREXIMBAN­K e o Secretaria­do da Zona de Comérc i o L i v r e Continenta­l Africana, com potencial para proporcion­ar às economias africanas a garantia de conversibi­lidade das moedas e, assim, acelerar o desenvolvi­mento do mercado regional.

“Deve-se adoptar sistemas funcionais uniformes em que bancos e outras instituiçõ­es financeira­s joguem papéis centrais e os principais provedores de serviços e de instrument­os financeiro­s”, propôs Victor Fernandes.

O vice-governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Luís Minguês, disse acreditar que um sistema continenta­l de pagamentos pode viabilizar estas transacçõe­s comerciais, bem como a obtenção de ganhos de produtivid­ade e redução de custos .

“Esta é só mais uma solução, porque outras já têm sido implementa­das a nível de blocos regionais, sobretudo, em questões relativas à segurança das transacçõe­s”, frisou, acrescenta­ndo que esses são passos que se devem dar aos poucos, de modo a que, no final, as economias africanas cresçam, tal como os países e populações possam beneficiar dos recursos naturais que cada um detém.

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ARMANDO COSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministro Victor Fernandes (segundo à direita) partilhou os pontos de vista do Secretaria­do da ZCLCA

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