Sistema de educação e ensino deve privilegiar a formação tecnológica
1º Encontro Nacional sobre o Ensino da Engenharia em Angola decorre sob o lema “Engenharia, formação de engenheiros e desenvolvimento nacional sustentável”
O Vice-presidente da República considera que o sistema de educação e ensino deve privilegiar a formação tecnológica e profissionalizante, para gerar especialistas que produzam obras duradouras e de qualidade, combinando evolução e a modernidade com os valores positivos da cultura e tradição ancestrais. Ao discursar na abertura do primeiro encontro nacional sobre o Ensino da Engenharia em Angola, Bornito de Sousa referiu que a formação de engenheiros qualificados e de outros quadros depende da boa qualidade do sistema de educação e ensino. O Vice-presidente sublinhou que Angola inicia o caminho rumo à modernização territorial e urbana, acrescentando que o país tem que superar os desafios actuais e alinhar-se a um mundo em rápida evolução tecnológica.
O Vice-presidente da República, Bornito de Sousa, considerou, ontem, em Luanda, que a Engenharia deve servir e contribuir para resolver os problemas concretos dos cidadãos, empresas, instituições, das comunidades e do país.
Ao discursar na abertura do 1º Encontro Nacional sobre o Ensino da Engenharia em Angola,organizadopelosministérios do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI) e da Educação e o Gabinete de Quadros do Presidente da República, Bornito de Sousa exemplificou os “eternos” engarrafamentos de Luanda, as inundações na capital aquando das chuvas, a produção de energia limpa para as comunidades rurais, bem como a produção de vacinas para a malária, VIH/SIDA e gado.
"Num país rico em madeiras, a produção de mobiliário escolar essencial não tem solução? As consequências da seca cíclica nas províncias de influência desértica no Sul de Angola não têm solução?", questionou, lembrando a última deslocação do Presidente da República ao Cunene, província que vai ter soluções estruturantes para o problema da seca.
Segundo Bornito de Sousa, Angola tem que superar os desafios actuais, de água, luz eléctrica, comunicações, disponibilidade de alimentos, mas alinhar-se a um mundo em rápida evolução tecnológica, que já ensaia a tecnologia 6G, os voos espaciais turísticos, Internet das Coisas, Inteligência Artificial, a armazenagem em nuvem de Zettabytes ou Yottabytes de informação, a impressão 3D de edifícios de habitação ou de órgãos humanos, os Robots industriais, civis e militares, as Smart Cities, o uso do Grafeno, a “ressuscitação” de mortos através de técnicas criogênicas, a clonagem de seres vivos, as consultas, diagnóstico e operações remotas, as viaturas e aeronaves não tripuladas.
A abundância de recursos naturais e minerais existentes no solo e subsolo do território nacional, acrescentou, constitui um factor impulsionador para a formação nas mais diversas áreas das engenharias.
Sistema de educação
Bornito de Sousa considerou que ter engenheiros altamente qualificados exige um sistema de Educação e Ensino de excelência, que privilegie a formação tecnológica e profissionalizante, a empregabilidade das formações e que gere especialistas que produzam obras duradouras e de qualidade, em vez das ditas "obras de esferovite".
Defendeu, igualmente, um sistema que favoreça e estimule a cooperação entre as Universidades e Institutos Nacionais com as melhores Universidades do mundo, empresas nacionais, Governos Locais, instituições de formação técnico-profissional e as ordens profissionais, como a Ordem dos Engenheiros de Angola, numa perspectiva de conferir maior qualidade e fiabilidade às obras realizadas no país.
O Vice-presidente disse que o ensino das engenharias depende, como todo o ensino superior, do investimento e da qualidade dos níveis anteriores, como do Ensino préescolar, Primário e Secundário.
Defendeu o abandono do modelo de ensino ocidental-centrado, que atrofia a verdadeira dimensão geográfica de África, exalta a escravatura na formação da consciência do aluno e minimiza civilizações africanas da antiguidade que influenciaram o mundo actual e as contribuições de grande alcance científico e tecnológico da autoria de africanos e africano-descendentes.
Bornito de Sousa apelou à contribuição de todos no apoio das medidas a serem tomadas pelo Executivo no sentido de posicionar o professor como figura central de todo o sistema de educação e ensino, ao exigir a formação superior para os docentes de todos os níveis.
Sem o professor, disse, não temos operários e especialistas, médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico, juízes, advogados, economistas, contabilistas, jornalistas ou arquitectos, tão-pouco temos funcionários administrativos, mecânicos, correctores de seguros, reguladores de trânsito, ministros eclesiásticos, ministros, deputados ou Presidentes. Sem o professor, não há engenheiros.
Acrescentou que da parte do Presidente da República, João Lourenço, existe plena consciência de que a formação de qualidade dos engenheiros está intrinsecamente ligada ao sucesso do processo de desenvolvimento sustentável do país.