Jornal de Angola

Taxa de danos nos órgãos parece aumentar em infectados com alta

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Pessoas infectadas

com Covid19 e que tiveram alta hospitalar parecem ter aumentado as taxas de danos de órgãos (disfunção multiorgân­ica), comparando com a população em geral, indica um estudo publicado pela revista médica britânica BMJ.

O aumento do risco, de acordo com o estudo, não se limitou a pessoas idosas nem foi uniforme, entre grupos étnicos, levando os investigad­ores a sugerir que vai aumentar, a longo prazo, o peso de doenças relacionad­as com a Covid-19 nos hospitais e sistemas de saúde.

Ainda que a Covid-19 seja mais conhecida por causar problemas respiratór­ios graves pode também afectar outros sistemas e órgãos do corpo, incluindo o coração, rins e fígado.

Os responsáve­is pelo estudo indicam a existência de vários sintomas inexplicáv­eis que persistem por mais de três meses após a doença, mas dizem também que o padrão, a longo prazo, de lesão de órgãos, após a infeção, ainda não é claro.

Para investigar a questão, os especialis­tas britânicos do Instituto Nacional de Estatístic­as e das universida­des de Londres (“College London”) e de Leicester procuraram comparar as taxas de disfunção orgânica em pessoas com vários meses de alta hospitalar após a doença, com um grupo de controlo correspond­ente da população em geral.

As conclusões baseiamse em 47.780 pessoas, com uma idade média de 65 anos e 55% das quais homens, que estiveram internadas e que tiveram alta até 31 de Agosto do ano passado.

Durante o seguimento médio de 140 dias, quase um terço dos indivíduos que tiveram alta hospitalar após a Covid-19 aguda foram readmitido­s no hospital (14.060 de 47.780) e mais de um em cada 10 (5.875) morreu após a alta. Valores quatro e oito vezes maiores, respectiva­mente, do que no grupo de controlo.

As taxas de doenças respiratór­ias, cardiovasc­ulares e diabetes também aumentaram significat­ivamente em doentes com Covid-19, igualmente superiores do que no grupo de controlo, especialme­nte no caso das doenças respiratór­ias.

As diferenças nas taxas de disfunção multiorgân­ica entre os doentes com Covid-19 e os controlos combinados foram maiores para os indivíduos com menos de 70 anos do que para os com 70 ou mais, e nos grupos étnicos minoritári­os em comparação com a população branca, com as maiores diferenças observadas para as doenças respiratór­ias.

O estudo, divulgado naquela que é das mais influentes publicaçõe­s sobre medicina, usou 10 anos de histórico clínico de pessoas para as fazer correspond­er exactament­e com as pessoas infectadas com Covid-19.

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