CARTAS DOS LEITORES
As nossas estradas
Quando olhamos para algumas estradas esburacadas, às vezes, pergunto-me se temos ou não condições para fazer manutenções periódicas das vias principais, secundárias e terciárias em todo o país. Atendendo ao facto de termos, no país, todas as condições para realizar tarefas de tapa-buraco, material para o efeito como brita, areia, betão e asfalto, não se compreende como é que determinados buracos prevalecem por muito tempo. Tenho muita dificuldade em, entender como é que o troço localizado junto ao antigo Cine São Paulo continua esburacado ao ponto de dificultar a circulação de viaturas. Enquanto não se consegue “remediar” com asfalto propriamente, nunca seria demais esbater o tapete da referida via com brita e burgau, que podiam ser utilizados ali provisoriamente. Outros casos parecem mais caricatos na medida em que já sofreram numerosas intervenções que muitos encaravam como parte do processo de requalificação geral da circunscrição, mas que acabaram no estado em que se encontram hoje. E julgo que se a ideia for “remediar” sempre que possível, então acho importante que exploremos as vantagens que temos com materiais que normalmente são utilizados nestas empreitadas. As ruas de todos os bairros deviam merecer trabalhos de maior profundidade e complexidade tais como a colocação de canais de esgotos para microdrenagem que levariam para os canais de macrodrenagem. Não faz sentido que as vias recém-reabilitadas acabem já “invadidas” pelas águas residuais que foram responsáveis pelos danos que levaram à intervenção nas mesmas.
Em muitas zonas da capital do país, sobretudo nesta fase de chuvas, algumas ruas estão completamente à mercê das águas das chuvas e domésticas, transformando-as em verdadeiros lamaçais e fontes de mosquitos, entre outras consequências nefastas, além de danificar o pouco asfalto que ainda resta.
Era bom que quem de direito ganhasse consciência sobre o impacto negativo na qualidade de vida das pessoas que vivem em zonas que se degradaram mais ainda em virtude da falta de condições mínimas. Parece mentira, mas o asfalto faz toda a diferença mesmo ali onde não existam condições arquitectónicas. Há ruas dentro da comuna do Rangel que têm marcas de restos de asfalto, que provavelmente datam desde a era colonial, muito provavelmente numa altura em que nem por isso a estrutura das residências eram indignas de receberem asfalto.
Urge corrigir, hoje, casos de zonas em que as intervenções feitas no âmbito do processo de requalificação acabaram por ficar pior do que estavam antes. Deixaram de ter asfalto propositadamente para dar lugar a uma nova estrutura, apenas para nunca mais verem o sabor do asfalto.
Para terminar, gostaria de lançar aqui o meu desafio às autoridades no sentido de as medidas e decisões serem as mais consentâneas com as necessidades de garantir alguma qualidade de vida às famílias. Penso que não se trata de pedir demais, sobretudo quando temos todas as condições de materializar com os recursos de que dispõe o país.
Acho que para determinadas empreitadas, o país devia já estipular metas, independentemente das mesmas serem sempre passíveis de correcções ao longo do percurso, que nos permitiriam deixar de manter problemas crónicos sem soluções eficazes e definitivas.