Jornal de Angola

Política e ética

Branquear a história

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Pretender olvidar os passos históricos dados pelo Governo para a paz e a reconcilia­ção nacional, como o fez, ontem, o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, é de uma desonestid­ade intelectua­l de bradar aos céus. Mais do que desenterra­r, sem necessidad­e, as vítimas do 27 de Maio de 1977, para ganhar simpatias, o líder da UNITA, que se “esqueceu” do “Setembro Vermelho”, em que foram queimadas pessoas vivas na Jamba, acusadas de feitiçaria, devia, nesta Quintafeir­a Santa, pedir a Deus o eterno descanso para todas aquelas vítimas da Jamba . O líder da UNITA, que até andou num Seminário Católico, devia, em verdade, lembrar que, em Abril de 2019, o Presidente da República, João Lourenço, ordenou a criação de uma comissão multissect­orial para elaborar um plano geral de homenagem às vítimas dos conflitos políticos que ocorreram em Angola entre 11 de Novembro de 1975 e 4 de Abril de 2002. E em verdade devia também lembrar-se que o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos já começou a emitir atestados de óbito para todas as vítimas dos conflitos ocorridos de 11 de Novembro de 1975 a 4 de Abril de 2002. Nisto estão incluídas as vítimas do 27 de Maio. A reconcilia­ção precisa de facto de ser construída sem mentiras, porque a nação angolana é bem mais ampla que os subscritor­es dos acordos de paz e não se pode limitar ao branqueame­nto de imagens e a discursos políticos de circunstân­cia do líder da UNITA. A política exige verdade e ética.

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