Letras angolanas perdem uma referência
As letras angolanas ficam mais pobres com a morte de nomes de referência da literatura nacional, como Arlindo Barbeitos, cujo legado influenciou toda uma geração, disse, ontem, em Luanda, o secretário-geral da União dos Escritores Angolanos (UEA), David Capelenguela.
“Arlindo Barbeitos é parte de um grupo de escritores que influenciaram e moldaram a geração de 80, na qual despontam nomes como Luís Kandjimbo ou Lopito Feijó, e o legado deste deve e vai ser assegurado para as gerações vindouras”, prometeu, acrescentando que os novos autores precisam ter como uma das referências, pois possuía “uma forma de escrita especial, com estética única”.
Os feitos e influências de Arlindo Barbeitos, continuou, vão muito além da literatura, pois parte do legado que moldou a geração de 80 permitiu dar origem a muitos movimentos literários, um dos quais a Brigada Jovem de Literatura de Angola.
Com pesar pelo infausto acontecimento, principalmente depois de há duas semanas ter falecido a esposa do malogrado, a escritora Maria Alexandre Dáskalos, David Capelenguela, deseja à família enlutada sentimentos de pesar e garantiu todo o apoio. “São dois nomes de referência das letras angolanas, cujo trabalho fica à posteridade, e todo o apoio é pouco aos familiares, devido ao imenso contributo dado por ambos”, disse.
Condolências
A morte do escritor despertou uma onda de reconhecimento e pesares por toda a classe artística nacional e não só. O trabalho desenvolvido por este em prol da literatura angolana e o legado que deixa recebeu o reconhecimento do ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Jomo Fortunato, que manifestou consternação pela morte do poeta angolano, em comunicado de imprensa.
A Academia Angolana de Letras (AACL) destacou, também, ontem, o contributo do escritor Arlindo Barbeitos na afirmação e divulgação da cultura angolana, em particular das letras. Numa nota de condolências, a AACL destaca o escritor como um “incansável” defensor da cultura africana e figura impar da intelectualidade, cujas impressões estão vincadas no nacionalismo angolano.
O ministro da Defesa Nacional e Veteranos da Pátria, João Ernesto dos Santos “Liberdade”, reconheceu, em comunicado, os feitos do malogrado enquanto nacionalista que muito cedo lutou pela conquista e preservação da Independência nacional.
O Bureau Político do MPLA manifestou, também, ontem, consternação pela morte de Arlindo Barbeitos.
Numa nota de condolências, o Bureau Político realça a participação activa deste na luta de libertação nacional.
Histórico
Aos 80 anos, Arlindo do Carmo Pires Barbeitos morreu, na quarta-feira, em Luanda, vítima de doença. Natural de Catete, Icolo e Bengo, o escritor, que nasceu a 24 de Dezembro de 1940.
Em 1971 aderiu ao MPLA, regressando a Angola e integrado nas fileiras do partido, dando aulas na Frente Leste. Membro fundador da UEA tem publicados os livros “Angola, Angolê, Angolema”, “Nzoji”, “O Rio. Estórias de Regresso” e “Fiapos de Sonho”.