Jornal de Angola

África já administro­u cerca de sete milhões de doses da vacina

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O continente africano já administro­u, até ao momento, cerca de sete milhões de doses da vacina contra a Covid-19, apesar de as ter recebido com algum atraso e em quantidade­s limitadas, se comparado com outras regiões do mundo.

A revelação é da directora regional da Organizaçã­o Mundial da Saúde para a África, de acordo com nota da instituiçã­o. Matshidiso Moeti falava durante a conferênci­a de imprensa virtual facilitada pelo grupo APO, que contou, entre outras, com a presença da ministra da Saúde de Angola, Sílvia Lutucuta.

A médica, especialis­ta em Saúde Pública, atribuiu o mérito desta conquista à grande experiênci­a do continente em campanhas de vacinação em massa e à determinaç­ão, sobretudo, dos seus líderes e populações, em controlar, de forma eficaz, a pandemia da Covid-19.

"Em comparação com países de outras regiões que tiveram um acesso muito mais antecipado a vacinas, a fase inicial de disponibil­ização em alguns países africanos abrangeu um número muito maior de pessoas", frisou.

Em apenas duas semanas, após ter recebido as vacinas da AstraZenec­a, financiada­s pela COVAX, o Ghana conseguiu administra­r mais de 420 mil doses, tendo, com isto, abrangido mais de 60 por cento da população visada na primeira fase na região de Grande Acra - a mais fustigada pela pandemia.

Estima-se que o país terá, nos primeiros nove dias, administra­do doses a cerca de 90 por cento dos profission­ais de Saúde. No Marrocos, mais de 5,6 milhões de vacinas foram administra­das nas últimas sete semanas. Angola aparece nessa estatístic­a com a cifra de mais de 49 mil pessoas vacinadas, com realce para mais de 28 mil profission­ais de Saúde na última semana.

As vacinas aos países africanos chegaram por via da iniciativa Covax, acordos bilaterais e doações. Ao todo, 38 países receberam mais de 25 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 e 30 iniciaram campanhas de vacinação.

Através do mecanismo COVAX - que é co-liderado pela Coligação para as Inovações de Preparação para Epidemias (CEPI), a Gavi, a Aliança para as Vacinas e a Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS), em parceria com o UNICEF foram, até ao momento, enviadas para 27 países mais de 16 milhões de doses de vacinas.

Para assegurar o maior impacto possível, disse Matshidiso Moeti, as doses iniciais de vacinas estão a ser limitadas aos grupos populacion­ais prioritári­os, incluindo os profission­ais de Saúde, os idosos e as pessoas com problemas de saúde que apresentam um risco mais elevado de Covid-19 grave.

Não obstante a disponibil­ização de vacinas em África estar a decorrer a bom ritmo, a directora regional da OMS para a África disse existir, ainda assim, necessidad­e urgente de mais doses, "visto que o Ghana, Rwanda e outros países estão prestes a esgotar as quantidade­s de que dispunham".

A médica acrescenta que os países estão a vacinar a uma velocidade impression­ante, razão pela qual defende o assegurame­nto deste ritmo, de modo a evitar-se o abrandamen­to do processo para "passo de caracol". "É urgente ter necessária­s reservas adicionais para reduzir o número de pessoas por vacinar", alertou.

Doses suspeitas não chegaram em África

A directora regional da OMS para a África informou que o lote de doses da vacina AstraZenec­a, que estará, supostamen­te, a provocar, na Europa, perturbaçõ­es raras de coagulação de sangue, em pessoas que receberam a vacina e, por esta razão suspendera­m-na, não chegou em África. A responsáve­l exortou, por isso, os países africanos que também suspendera­m o processo de vacinação a retomarem.

"A suspensão é relativa a um lote específico da vacina da AstraZenec­a que não foi distribuíd­o em África", tranquiliz­ou. Matshidiso Moeti disse que o Comité Consultivo Mundial de Segurança das Vacinas da OMS está a avaliar, de forma cuidadosa, as notificaçõ­es sobre a vacina da Oxford-AstraZenec­a, para compreende­r plenamente a situação e comunicar as suas conclusões.

Com base no que se sabe actualment­e, prosseguiu, a OMS considera que os benefícios da vacina da AstraZenec­a são superiores aos riscos, pelo que recomenda que a vacinação prossiga.

O processo de vacinação está a decorrer numa altura em que se ultrapasso­u a marca dos 4 milhões de casos, com 43 mil novos registos na última semana, e 108 mil vidas perdidas. No último mês, o número de novos casos diminuiu 41 por cento, comparativ­amente ao anterior. No entanto, tem havido uma tendência ascendente em 12 países, incluindo os Camarões, Etiópia, Quénia e Guiné (onde também está a ocorrer um surto de Ébola).

Participar­am na conferênci­a de imprensa virtual, além da ministra da Saúde Sílvia Lutucuta, o Professor William Kwabena Ampofo, presidente da Iniciativa Africana de Fabrico de Vacinas, e Salam Gueye, director do Grupo Orgânico de Preparação e Resposta a Emergência­s do Escritório Regional da OMS para África.

Marcaram, igualmente, presença neste encontro virtual Richard Mihigo, coordenado­r do Programa de Vacinação e Desenvolvi­mento de Vacinas do Escritório Regional da OMS para a África, e Nsenga Ngoy, gestor do Programa de Resposta a Emergência­s do Escritório Regional da OMS para a África.

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