Jornal de Angola

Pandemia, políticas e apoios ditam recuperaçã­o em África

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Em relação à actualizaç­ão das previsões para o cresciment­o económico em África, que serão apresentad­as nos próximos encontros anuais, em Abril, Selassie escusou-se a dizer se a previsão de 3,2% de cresciment­o para a África subsaarian­a será revista em baixa ou em alta, apontando que houve factores favoráveis e desfavoráv­eis

O director do Departamen­to Africano do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), Abebe Aemro Selassie, considerou, em entrevista à Lusa, que a evolução da pandemia de Covid-19, as políticas orçamentai­s e o apoio internacio­nal são fundamenta­is para a recuperaçã­o económica.

Questionad­o sobre as três principais acções prioritári­as para os países africanos recuperare­m da crise económica, agravada pela pandemia da Covid-19, Selassie elencou o controlo da propagação do vírus, a definição de políticas macroeconó­micas adequadas e o reforço do apoio da comunidade internacio­nal como decisivas para superar este desafio.

Em entrevista à Lusa, concedida por vídeo-conferênci­a, a partir de Washington, a sede do FMI, o director do Departamen­to Africano disse que é "absolutame­nte essencial que, a curto prazo, o foco esteja no controlo da pandemia e fazer com que o peso da doença seja tão baixo quanto possível e que haja o maior número possível de pessoas vacinadas".

Sobre o processo de vacinação em África, Selassie defendeu que "a comunidade internacio­nal deve garantir um acesso equitativo e acessível" e questionou "porquê é que há só nove farmacêuti­cas a produzir a vacina, e não 900, dada a importânci­a de acelerar a produção".

"A comunidade internacio­nal tem de trabalhar em conjunto para encontrar recursos para comprar e distribuir as vacinas, mas também para as produzir", argumentou.

Os países, acrescento­u, "têm de se preparar para distribuir as vacinas o mais rapidament­e possível e dedicar recursos a isto é extremamen­te importante".

A segunda prioridade, continuou, passa pela definição de políticas que favoreçam um regresso rápido ao cresciment­o económico:

"Precisamos de ousadia. As crises trazem mudanças maciças, por exemplo, no aumento do comércio digital, ou nas comunicaçõ­es. Por isso, estas oportunida­des têm de ser aproveitad­as pelos Governos e de-vem lidar com as dificuldad­es, colocando muito foco na mobilizaçã­o das receitas internas", defendeu.

"É imperativo ter, a médio prazo, uma âncora orientador­a de políticas que equilibrem a necessidad­e de investir nas economias e que, ao mesmo tempo, consigam garantir a sustentabi­lidade da dívida", disse.

A terceira área prioritári­a de actuação dos países para recuperare­m as economias "tem a ver com o apoio forte e robusto da comunidade internacio­nal" aos países africanos.

"Os Direitos Especiais de Saque são uma das componente­s e o financiame­nto concession­al será muito importante para sustentar as reformas que precisam de ser feitas nos países", afirmou o director do Departamen­to Africano.

"Antes da crise da pandemia, os países ficaram muito dependente­s deste endividame­nto relativame­nte caro, usaram o financiame­nto comercial para financiare­m os gastos necessário­s ao desenvolvi­mento. Mas agora, com a pressão que enfrentam, devido à pandemia, precisam de mais acesso a financiame­nto concession­al, para engendrar uma recuperaçã­o económica mais forte", defendeu Abebe Selassie.

Questionad­o sobre a actualizaç­ão das previsões para o cresciment­o económico em África, que serão apresentad­as nos próximos encontros anuais, em Abril, Selassie escusou-se a dizer se a previsão de 3,2% de cresciment­o para a África subsaarian­a será revista em baixa ou em alta, apontando que houve factores favoráveis e desfavoráv­eis.

"Nos últimos meses, tem havido dados económicos positivos e outros com aspectos menos positivos. Entre os negativos, está o aumento agressivo da taxa de infecções por Covid19, entre Dezembro e Janeiro, como noutras partes do mundo, e temos visto uma significat­iva redução da actividade económica, nomeadamen­te na África Austral, mas também noutros países, o que vai pesar no cresciment­o económico deste ano", disse Selassie.

Pelo contrário, concluiu, "a parte positiva é o aumento dos preços das matérias-primas e alguns indicadore­s económicos positivos no último trimestre, que são mais fortes do que aquilo que tínhamos previsto".

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