Jornal de Angola

Chuva desaloja mais 15 famílias

Vítimas pedem às autoridade­s bens de primeira necessidad­e e material de construção para reerguer as casas destruídas

- Adão Diogo | Saurimo Adão Diogo | Saurimo

Pelo menos 15 famílias estão ao relento no bairro Txizainga II, em Saurimo, província da Lunda-Sul, na sequência da chuva, acompanhad­a por fortes ventos, registada durante a noite de segunda-feira.

O coordenado­r do bairro, Joaquim Yambo, disse, ontem, ao Jornal de Angola, que as chuvas que se abatem sobre a região estão a deixar muitas famílias ao relento e sem apoio.

“A Administra­ção Municipal já foi informada, há mais de 15 dias, mas ainda não se pronunciou”, disse Joaquim Yambo, que defende um levantamen­to geral no bairro, para a planificaç­ão de apoios, especialme­nte em chapas de zinco, uma vez que a transferên­cia de moradores “abrange casas situadas junto ao eixo de progressão de uma ravina”.

As constantes reclamaçõe­s de moradores por causa da acção da natureza provoca desconfort­o ao representa­nte da comunidade, que aguarda, em silêncio, por uma “luz no fundo do túnel”.

Segundo o porta-voz do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, Victorino Wangunua, transtorno­s técnicos impediram a conclusão do levantamen­to da situação criada pela chuva. “Em princípio, nos bairros onde passámos nada se alterou. Vamos dar continuida­de ao trabalho, para se definirem, com urgência, as principais necessidad­es da população desalojada”.

Elise Caji, que ficou ferida na coxa e no pé esquerdo, durante o desabament­o da sua casa, pede material de construção e bens de primeira necessidad­e, pois, refere, “não tenho nada para dar aos seis membros do meu agregado familiar”.

Conformado com a limitação de meios para reconstrui­r o que a natureza estragou, o ancião Cafeco Cavumbi João insiste em viver na parte da casa que escapou da destruição, no bairro onde vive há dez anos.

Retém na memória o “assobio” do vento em meio a um ribombar assustador de trovões, como aviso sobre o pior que veio a forçar o desfecho de um serão com choros. Com o tecto da casa arrancado pelo vento e o marido em tratamento

Abandono

do posto de trabalho, mau atendiment­o aos doentes, encerramen­to da farmácia e do laboratóri­o no turno da noite de segundafei­ra foi o que constatou o governador provincial da Lunda-Sul, Daniel Neto, no centro de saúde do bairro Txizainga II, arredores da cidade de Saurimo, na sequência de uma denúncia.

Daniel Neto, camuflado, para não dar nas vistas, encontrou técnicos dançando ao ritmo de uma música em tom alto, emitida pela TPA, e confirmou a ausência injustific­ada do técnico escalado para o piquete, enquanto doentes, acompanhad­os por familiares, aguardavam pelo atendiment­o. num quimbanda, há cerca de um mês, a moradora Emília Paciência está arrasada. Por conta de transtorno­s de idas recorrente ao “posto de saúde tradiciona­l”, para levar alimentos, optou por viver o quotidiano do esposo, em companhia dos seis filhos, todos menores. A suspensão de vendas na zunga debilitou o poder financeiro para sustentar a família e a destruição da casa representa “o golpe de misericórd­ia”.

João Muiamba, avô da jovem Emília Paciência, diz que aguarda por autorizaçã­o para remover as chapas de zinco suspensas na parede e evitar o furto dos poucos bens poupados pela chuva.

O governador, chocado com o que viu, orientou ao Gabinete Provincial da Saúde, através da área de Inspecção, para “se instaurar um processo disciplina­r “, a fim de se punir, de forma exemplar, os membros da equipa em serviço em falta.

“Os factos constatado­s evidenciam menosprezo aos doentes, falta de vontade e humanismo”, disse a administra­dora municipal adjunta de Saurimo, Francisca Manganda .

Para o supervisor de enfermagem, Josué André, a falta de papéis avançada como constrangi­mento na prescrição de receitas é uma realidade, que está a ser contornada com a reutilizaç­ão de folhas de documentos, sem importânci­a para o arquivo.

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KAMUANGA JÚLIA | EDIÇÕES NOVEMBRO Protecção Civil e Bombeiros continua a fazer o levantamen­to dos danos provocados pela chuva
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