UNESCO apela à reabertura das escolas
A directora-geral da UNESCO pediu aos Governos de todo o mundo para “reabrirem as escolas”, muitas das quais fecharam por causa da pandemia de Covid-19, e promoveu um minuto de silêncio pelo professor assassinado em Paris.
Quinta-feira, no início da Cimeira Mundial da Educação, que contou com a participação de uma dúzia de chefes de Estado e de Governo, dezenas de ministros e personalidades, como a actriz Angelina Jolie, Audrey Azoulay fez questão de “prestar homenagem” a Samuel Paty, com um minuto de silêncio em memória do professor de História, “assassinado por causa do serviço que prestou”, na sextafeira da semana passada, perto de Paris.
Samuel Paty, de 47 anos, professor na região parisiense, foi decapitado por Abdullakh Anzorov, refugiado de origem russa chechena, de 18 anos, por ter mostrado caricaturas do profeta Maomé no início de Outubro em duas aulas sobre a liberdade de expressão.
A assembleia virtual saudou também “todos os professores do mundo que se arriscam para formar” as crianças e os jovens.
Azoulay alertou para o aumento do “risco de abandono escolar dos alunos mais vulneráveis”, devido às medidas de contenção da Covid-19.
Actualmente, “mais de 600 milhões de alunos, ou um terço da população escolar mundial, ainda têm as suas escolas fechadas”. Segundo a UNESCO, a epidemia agrava as desigualdades pré-existentes e “24 milhões de crianças podem nunca encontrar o caminho de volta para a escola”.
Perante a mesma assembleia, o secretário-geral das
Nações Unidas, António Guterres, reiterou o seu recente alerta contra uma “catástrofe geracional”, uma vez que os “avanços alcançados por mulheres e raparigas (no domínio da educação) estão ameaçados”.
“A urgência é trabalhar pela reabertura das escolas, garantindo que todas as medidas de segurança sejam tomadas”, recomendou a directora-geral da UNESCO.
Azoulay saudou o estabelecimento de “modelos híbridos que combinam a escola e ensino à distância”, que devem continuar a ser desenvolvidos e “acessíveis a todas as populações”.
A responsável da UNESCO apelou a uma “mobilização global ao mais alto nível”, porque a educação “deve permanecer no centro das prioridades”.
“Devemos investir para não deixar ninguém para trás, para que todos sejam capacitados, para que as escolas sejam seguras e devemos investir em conectividade”, acrescentou também Guterres.
Tal como os outros intervenientes, Azoulay pediu aos Governos para investirem fortemente nos sistemas educacionais e aos países doadores para aumentarem a ajuda internacional no que toca à educação.
A Declaração assinada pelos participantes desta cimeira quantifica em 200 mil milhões de dólares por ano os recursos que faltam para financiar os sistemas educacionais, em particular nos países de baixo ou muito baixo rendimento.
Concretamente, o documento obriga os países a alocar “pelo menos 4% a 6% do seu Produto Interno Bruto (PIB) ou 15% a 20% dos gastos públicos para a educação”.