Jornal de Angola

Suécia reforça poderio militar e mobiliza as forças no Báltico

A Suécia anunciou, ontem, o reforço do poder militar para responder à suposta crescente actividade militar da Rússia e da OTAN no Mar Báltico, Barents e no Árctico

-

O Parlamento sueco aprovou, recentemen­te, o reforço do orçamento da Defesa para os próximos cinco anos em mais de 2.4 mil milhões de Euros, distribuíd­os em parcelas anuais de 470 milhões a começar já a ser disponibil­izado no próximo ano.

Há poucos dias, o Ministério da Defesa assinou uma declaração trilateral de intenções com os vizinhos da Finlândia e Noruega para fortalecer a cooperação militar operaciona­l e garantir prontidão e capacidade na coordenaçã­o de respostas a ameaças de segurança na região.

Em Agosto, este membro nórdico da União Europeia e parceiro externo da OTAN retomou exercícios militares na maior ilha do Báltico (Gotland), um sinal para o vizinho do Leste, a Rússia, acusada, recentemen­te, de ter violado o território marítimo sueco com a aproximaçã­o excessiva de dois navios de guerra da ilha de Vinga.

À primeira vista, Gotland pode não parecer um posto militar estratégic­o, mas no final de Agosto este habitual retiro de Verão dos suecos foi palco de exercícios balísticos numa escala nunca ali vista depois do final da Guerra Fria.

"Foi um acto de demonstraç­ão da defesa da integridad­e e soberania suecas. Foi o que podemos chamar de um sinal de segurança do nosso lado", disse à Euronews o ministro da Defesa da Suécia, admitindo haver um destinatár­io bem definido para esse sinal.

Peter Hultqvist diz ter visto, ao longo dos tempos "mais actividade­s militares e exercícios cada vez mais complexos", que considera serem "provocaçõe­s do lado russo, que têm feito voos de grande proximidad­e a aviões suecos”.

Tensão a crescer no Mar Báltico

A Suécia não faz parte da Aliança Atlântica, mas tem sido um parceiro "activo em operações de paz e segurança" que tem tentado conter os supostos impulsos expansioni­stas da Rússia na região desde a anexação da Crimeia em 2014.

As recentes actividade­s militares de ambos os países confirmam a instabilid­ade crescente na fronteira Leste da União Europeia.

Johan Wiktorin, da Real Academia Sueca de Ciências de Guerra, enumera os actuais pontos sensíveis nas fronteiras europeias: "Temos tensão no Sul, com a Líbia, tensão na Síria, há o atrito entre Grécia e Turquia, temos o problema da Ucrânia na Europa de Leste, com a Crimeia e agora temos a revolta na Bielorrúss­ia, além da actividade militar no Mar de Barents e no Árctico."

"Temos visto na orla europeia diversos pontos de tensão a inflamar. Por isso, as diferentes forças estão a mostrar sinais de prontidão militar e a avaliar as defesas rivais", considerou este estudioso das ciências de guerra, em declaraçõe­s à Euronews.

A Suécia não parece querer ser apanhada despreveni­da. Parte do recente reforço orçamental das Forças Armadas será alocada aos recursos militares na ilha de Gotland.

Anelises Borges, a enviada especial da Euronews à Suécia, explicou que "o regimento de Gotland está a ser recuperado depois das operações ali terem terminado em 2005". "O objectivo é expandir a presença militar na ilha nos próximos anos", acrescenta Anelise Borges.

"O plano que eu vi prevê manter a expansão em Gotland com a mobilizaçã­o de mais unidades, mais pessoal, mais equipament­o e inclusive mais infra-estruturas. Por isso, penso que este desenvolvi­mento militar na ilha vai prolongar-se por mais cinco ou dez anos", revelou o coronel Mattias Ardin, actual comandante do regimento de Gotland.

Actualment­e, pelo menos, 300 soldados, veículos de combate, sistemas de defesa aérea e aviões a jacto estão estacionad­os naquela ilha de três mil metros quadrados, a maior do Báltico.

Não é ainda uma ilha muito conhecida no resto da Europa, mas isso pode mudar ao tornar-se uma peça importante no tabuleiro da geopolític­a europeia.

"A ilha é importante para os países bálticos, para a Finlândia e para a Suécia continenta­l", sublinhou o ministro da Defesa sueca Peter Hultqvist.

"Foi um acto de demonstraç­ão da defesa da integridad­e e soberania suecas. Foi o que podemos chamar de um sinal de segurança do nosso lado"

 ?? DR ?? Autoridade­s suecas querem garantir a prontidão e capacidade de resposta às ameaças
externas
DR Autoridade­s suecas querem garantir a prontidão e capacidade de resposta às ameaças externas

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola