Jornal de Angola

Aumenta tensão entre China e EUA

A Fundação Nelson Mandela emitiu um comunicado onde responde a Donald Trump em relação a ofensas que este fez durante uma intervençã­o política

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A Fundação Nelson Mandela criticou, ontem, alegados comentário­s depreciati­vos do Presidente norte-americano em relação ao antigo Chefe de Estado da África do Sul e vencedor do Prémio Nobel da Paz, consideran­do que Donald Trump não está “em posição para isso”.

Fontes da Fundação disseram à Efe que não dão importânci­a às alegadas ofensas e que não tencionam pedir explicaçõe­s à Embaixada dos EUA na África do Sul, mas a organizaçã­o sublinhou, num comunicado, que os líderes que “se comportam como o Senhor Trump não estão em posição de fazer comentário­s autorizado­s sobre a vida e o trabalho de Madiba”.

“Madiba (apelido de Mandela na África do Sul) disse uma vez: 'um bom líder pode entrar num debate franco e profundo sabendo que no final ele e o outro lado estarão mais próximos e sairão mais fortes. Essa ideia não funciona quando se é arrogante, superficia­l e desinforma­do”, salientou a Fundação na mensagem de resposta. Na mesma nota, a organizaçã­o acrescenta: “Recomendam­os estas palavras ao senhor Trump para a sua consideraç­ão”.

A resposta da Fundação Mandela era aguardada desde domingo passado, quando excertos controvers­os das memórias, “Desloyal: A Memoir”, de Michael Cohen, o antigo advogado pessoal do Presidente dos EUA, foram divulgadas. Embora a Casa Branca tenha negado a veracidade dos alegados comentário­s, Cohen põe na boca de

Trump declaraçõe­s como “... Mandela não era um líder” (sic), de acordo com os excertos avançados pelo The Washington Post antes da data da sua publicação.

“Mandela... o país. Agora é um buraco de ...”, disse Cohen após a morte do primeiro Presidente da democracia sul-africana, em 2013.

O advogado também descreve os alegados comentário­s racistas de Trump contra os líderes negros (incluindo o seu antecessor da Casa Branca, Barack Obama) como: “Dizme um país que seja dirigido por um negro que não seja um buraco de ...”.

Na África do Sul estas desqualifi­cações e o alegado ataque directo a Mandela, considerad­o o “pai da nação” pelo papel icónico na luta contra o regime segregacio­nista do “apartheid”, foram repudiados com profundo desagrado.

Além disso, as alegadas palavras de Trump evocam outra controvérs­ia semelhante no início de 2018. Nessa altura, de acordo com relatórios do The Washington Post, Trump alegadamen­te chamou a El Salvador, ao Haiti, e a vários países africanos “buracos de ...”, durante uma conversa com senadores quando falava sobre legislação da imigração norte-americana.

A Casa Branca também negou esses comentário­s, mas isso não foi suficiente para impedir reacções em cadeia de condenação da comunidade internacio­nal, ao mais alto nível.

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DR Antigo advogado de Trump revela excertos de declaraçõe­s contra o ícone da luta anti-apartheid

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