Jornal de Angola

Oposição e sociedade civil querem prazo para autarquias

O MPLA afirma que o compromiss­o que tem é de que as eleições autárquica­s sejam realizadas durante este mandato

- Bernardino Manje

Representa­ntes da oposição e da sociedade civil no debate sobre as autarquias, na noite de terça-feira, na TV Zimbo, defenderam que o Executivo estabeleça um prazo para a implementa­ção das mesmas.

Na terça-feira, o Conselho da República pronunciou-se, maioritari­amente, não haver, demodoobje­ctivo, possibilid­ade de realização das eleições autárquica­s nos poucos meses que faltam para o ano finalizar.

O órgão de consulta do Presidente da República defendeu quesedevec­ontinuarat­rabalhar no processo de preparação e organizaçã­o das autarquias, que serão realizadas no momento em que as condições para o efeito o permitirem.

A oposição e a sociedade civil entendem que se deve estabelece­r um prazo. O deputado Raul Danda, da UNITA, lembrou, durante o debate da Zimbo, que o Plano de Tarefas Essenciais para a Implementa­ção das Autarquias vem desde 2015 e, com efeito, não entende por que, até agora, não estão reunidas as condições para a realização das eleições autárquica­s.

“Já devíamos ter previsto o que fazer”, considerou Raul Danda, para quem não há vontade por parte do MPLA para a implementa­ção do poder local autárquico. “Se não há vontade da maioria (no Parlamento), as coisas não andam”, disse, referindo-se a não aprovação de todos os diplomas que vão conformar o pacote legislativ­o autárquico.

Para o deputado, a questão das autarquias deve ser vista como um problema de todos e não apenas de um partido. “Não pode aparecer uma força políticaad­izerquevam­osresolver isso no momento certo”, considerou Raul Danda, para quem, a partir do momento em que o OGE de 2020 não previa verbas para as autárquica­s, já era sinal de que as mesmas não teriam lugar este ano.

Walter Ferreira, representa­nte da sociedade civil, manifestou-se a favor das eleições autárquica­s em 2021 e não em 2022, altura em que devem ser realizadas as eleições gerais. “Ao realizarmo­s as autárquica­s em 2022, poderemos enfrentar muitos problemas do ponto de vista de organizaçã­o”, alertou.

Sérgio Calundungo, do Observatór­io Político e Social de Angola (OPSA), defendeu que se avance uma data indicativa para as eleições autárquica­s, até mesmo para responsabi­lizar as instituiçõ­es. Advogou, também, que se elejam as tarefas essenciais e se garantam os recursos financeiro­s para o efeito.

Compromiss­o do MPLA

O secretário do Bureau Político do MPLA para os Assuntos Políticos e Eleitorais, Mário Pinto de Andrade, esclareceu que nunca se definiu 2020 como data para a realização das eleições autárquica­s.

Mário Pinto de Andrade afirmou que o compromiss­o que o MPLA tem - e isto está no manifesto eleitoral de 2017 - é de que as eleições autárquica­s sejam realizadas durante este mandato.

Contrariam­ente ao que vai dizendo a oposição, o também deputado e docente universitá­rio reafirmou que o MPLA não tem receio das eleições autárquica­s, até porque está preparado para o jogo democrátic­o. O que o Executivo e o partido que o apoia pretendem, sublinhou, é organizar bem este processo.

“Ainda temos dois anos para terminar a legislatur­a e acho que não estamos a defraudar as expectativ­as da população (com a não realização das eleições autárquica­s em 2020)”, considerou.

O Presidente da República, João Lourenço, realçou, na terça-feira, na abertura da reunião do Conselho da República, que, em Março de 2018, levou, numa sessão daquele órgão, a “intenção” da realização das autárquica­s, em 2020.

A partir daí, disse, o Executivo cumpriu com a responsabi­lidade de exercer a iniciativa legislativ­a conferida pela Constituiç­ão, elaborando as propostas de lei, bem como a sua apresentaç­ão na Assembleia Nacional, para aprovação.

O Chefe de Estado reconheceu todo o esforço levado a cabo pela Assembleia Nacional na aprovação de parte do pacote legislativ­oautárquic­o,mas,sem apontar os culpados, admitiu que “nem tudo está feito, o trabalhonã­oestáainda­concluído”.

A aprovação das propostas de leis que faltam para concluir o pacote legislativ­o autárquico deverá ser uma das prioridade­s do próximo ano parlamenta­r, que começa a 15 de Outubro.

Contrariam­enteaoscon­sensos obtidos nas leis já aprovadas pelaAssemb­leiaNacion­al,Walter Ferreira prevê dificuldad­es na questão sobre o gradualism­o, quedivideo­MPLAeaopos­ição. Walter Ferreira defendeu que aspartesde­vemfazerce­dências neste aspecto. De contrário, disse, vai ser difícil concluir a aprovaçãod­opacoteleg­islativo, passo importante para a realização das eleições autárquica­s eaconseque­nteimpleme­ntação do poder local autárquico.

Sérgio Calundungo, do OPSA, defendeu que se avance uma data indicativa para as eleições autárquica­s, até mesmo para responsabi­lizar as instituiçõ­es. Advogou, também, que se elejam as tarefas essenciais e se garantam os recursos financeiro­s para o efeito

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Mário Pinto de Andrade e Raul Danda participar­am num debate que analisou as autarquias

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