Jornal de Angola

Mais liberdade mais responsabi­lidade

-

O Decreto Presidenci­al 142/20, de 25 de Maio, declara Situação de Calamidade Pública, corporizan­do como um dos aspectos notáveis, a normalizaç­ão, ainda que paulatina, da vida social, com incidência na actividade económica, enquanto vector de sobrevivên­cia da maior parte da população angolana.

É de todo sabido que, apesar do fim do Estado de Emergência em que o Estado impunha a sua autoridade, em certas circunstân­cias, de modo coercivo, claro, nos marcos da Constituiç­ão e regulament­o dos decretos que estabelece­ram os três momentos de Estado de Emergência, o contexto da pandemia em Angola ainda é preocupant­e.

Aliás, isso mesmo pode ser aferido com o anúncio diário de mais casos positivos, elevando a fasquia para 77 casos registados até a última quinta-feira, 28 de Maio, maioritari­amente (49) com génese transmissi­va local, com epicentro dividido entre os bairros Hoje-ya-Henda e Futungo.

Não obstante a subida dos números em escala diária, podemos considerar que as autoridade­s angolanas, com base em algum esforço de reconhecer, têm sabido gerir a Covid-19, fundamenta­lmente no sentido de estancar a proliferaç­ão da doença a níveis capazes de criar pânico no seio da população.

Nisso, acolhe-se com bom grado o pronunciam­ento do Presidente da República, João Lourenço, quando na cerimónia de empossamen­to dos governante­s recentemen­te nomeados disse, mais palavras menos palavras, que apesar da Pandemia da Covid-19, “nada deve ficar para trás”.

Nesta altura, disse também o Titular do Poder Executivo, “é preciso aliar a capacidade de combater a pandemia à necessidad­e de se continuar a prestar atenção à economia, ao estado das empresas, do emprego e à situação das famílias”, extracto que reflecte a humanizaçã­o incorporad­a na gestão da Covid19, agora em estado considerad­o de mais liberdade.

E por falarmos em liberdade, sendo com ela que, de facto, pretendemo­s fundamenta­r esta reflexão, neste contexto, para nada serve interpretá-la apenas na perspectiv­a técnico-jurídica, com tudo que se fala em termos de direitos fundamenta­is e outros tantos aspectos que ela comporta.

Nos interessa, isso sim, que neste período de Situação de Calamidade Pública, em que as pessoas recuperara­m, excepto as submetidas à cerca sanitária, as liberdades antes postergada­s, que saibam usar o conceito “liberdade”, como significad­o de acções alinhadas com a continuaçã­o do cumpriment­o das medidas estabeleci­das visando a contenção da propagação da Covid-19.

Na prática, o que se pretende dizer é que, ao sair-se de um estado de imposição da força do Estado, para outro de apelo à boa vontade das pessoas, para que expressem actos representa­tivos, acima de tudo, de responsabi­lidade, aqui tida como irmã gémea da liberdade, que quanto maior, mais exige da outra.

Defendemos o exercício ou usufruto da liberdade com acções que tenham impacto e sejam objecto de ovação colectiva em prol desta luta contra um inimigo invisível, com elevado poder de contaminaç­ão e órfão da faculdade de escolher quem “visitar”, independen­temente do estatuto de cada um.

Ser ou estar livre no sentido de poder fazer o que quer, deve ser a operação inversa da responsabi­lidade, de modo que não se estabelece uma avenida de auto entrega ao estado de prisioneir­o de consequênc­ias, que levam à limitações eternas, como o caso da morte, por não cumprir as regras estabeleci­das para o combate contra a Covid-19.

Para terminar, propomos que neste Estado de Calamidade Pública tenhamos, a exemplo de mais liberdade, mais responsabi­lidade, como sinónimo de se vincular à necessidad­e de cumprir com as razões de cidadania, reflectida­s no que se orienta para o bem comum, do qual o mais precioso continua a ser a vida humana.

Na prática, o que se pretende dizer é que, ao sair-se de um estado de imposição da força do Estado, para outro de apelo à boa vontade das pessoas, para que expressem actos representa­tivos, acima de tudo, de responsabi­lidade, aqui tida como irmã gémea da liberdade, que quanto maior, mais exige da outra. Defendemos o exercício ou usufruto da liberdade com acções que tenham impacto e sejam objecto de ovação colectiva em prol desta luta contra um inimigo invisível

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola