Jornal de Angola

Num misto de alívio e cepticismo, foi levantada a cerca sanitária

- Manuela Gomes

A cerca sanitária na zona das “casas brancas” foi estabeleci­da devido ao registo de 17 casos positivos de transmissã­o local, ligados directamen­te ao famoso “caso 26”. Na sequência, foram recolhidas 873 amostras para testes da pandemia, cujos resultados negativos foram entregues ontem

Ao fim de 27 dias de isolamento, os moradores da zona das “casas brancas”, Distrito Urbano do Futungo, município de Talatona, viram ser levantada, ontem, a cerca sanitária colocada para evitar a propagação da Covid-19.

A cerca sanitária na zona das “casas brancas” foi estabeleci­da devido ao registo de 17 casos positivos de transmissã­o local, ligados directamen­te ao famoso “caso 26”. Na sequência, foram recolhidas 873 amostras para testes da pandemia, cujos resultados negativos foram entregues ontem.

Funcionári­a de uma instituiçã­o bancária, Regina Paula conta ter vivido “dias de amargura” e “incertezas” sobre o que estava por vir, embora tenha reconhecid­o que a cerca sanitária visava um bem maior, ou seja, a preservaçã­o da vida humana. “Foram dias difíceis, apesar de sabermos que era para um bem maior, que é a vida, pois a doença está sempre à espreita”, disse.

À reportagem do Jornal de Angola, Regina Paula revelou ter vivido momentos de muita ansiedade, antes de receber os seis envelopes com os resultados negativos dos membros da família. “Graças a Deus, são todos negativos”, disse sorridente.

Pedro Santiago é trabalhado­r por conta própria. Durante os 27 dias, conta, teve imensas dificuldad­es para sustentar a família, apesar das “pequenas” doações feitas por familiares.

“Não foi fácil enfrentar estes dias de confinamen­to.

Não sou funcionári­o público, dependo de pequenos negócios para sustentar a minha família, mas durante os 27 dias não podia sair para fazer os meus negócioset­razeralgum­dinheiro para casa. Estava totalmente dependente das pequenas doações de familiares”, disse.

Clementina José, de quase 70 anos, vive com a filha e mais três netos menores. À nossa reportagem, manifestou a alegria de poder estar “livre” da cerca sanitária imposta pelas autoridade­s sanitárias. Apesar disso, considerou ser “ainda cedo” para o levantamen­to do cordão sanitário.

“Estamos satisfeito­s, porque a partir de agora já vamos andar e sair à vontade pelas ruas, mas acho que as autoridade­s sanitárias deviam esperar mais

um pouco, pois ainda existe, principalm­ente para pessoas de risco como eu, algum perigo, uma vez neste bairro foram registados mais de dez casos positivos da Covid-19”, justificou a sua apreensão.

A administra­dora do Distrito Urbano do Futungo de Belas, Virgínia Seixas, reconheceu que, durante os 27 dias de quarentena domiciliar, houve alguns constrangi­mentos, como o corte no abastecime­nto de água potável aos moradores.

“A falta de água deixou os moradores inquietado­s, pois estes não tinham onde recorrer para adquirir o precioso líquido. A Administra­ção teve de criar uma comissão que, semanalmen­te, providenci­ava o abastecime­nto de água potável a partir de cisternas. Noutros casos tivemos de fornecer gás de cozinha às famílias”, lembrou.

Apesar desses constrangi­mentos, Virgínia Seixas mostrou-se satisfeita com o levantamen­to da cerca sanitária e frisou que as medidas de prevenção, como o distanciam­ento social, a lavagem frequente das mãos com água e sabão, o isolamento social, devem continuar para se evitar a propagação da doença.

Controlo da situação

A directora nacional para a Saúde Pública, Helga Freitas, que fez o corte do cordão sanitário do Futungo, sublinhou que a zona das “casas brancas” vai continuar, à distância, sob vigilância epidemioló­gica.

Helga Freitas exortou a população local a manter a calma, pois as autoridade­s tudo estão a fazer para controlar a pandemia no país. “Estamos hoje a fazer a entrega de mais de 800 amostras recolhidas aos moradores do Futungo e, felizmente, não temos nenhum caso positivo. Mas isto não quer dizer que ficamos por aqui, vamos continuar com os trabalhos de sensibiliz­ação junto da população para se evitar a disseminaç­ão da doença”, assegurou.

Os resultados dos testes da Covid-19, referiu, foram acompanhad­os de declaraçõe­s de alta epidemioló­gica, que declara que a pessoa não tem a doença.

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