Moradores da Samba clamam por socorro
Moradores da rua “Quim Ribeiro” parecem conformados com os charcos e lagoas, com o lixo e o cheiro nauseabundo
Pior, como sempre esteve, a Samba não fica. O problema das cheias é antigo. Há anos que os moradores daquele distrito, do município de Luanda, gritam por socorro. Com a existência de um lençol de água subterrâneo, muito próximo da superfície, a localidade não precisa de chuvas para ter casas, escolas, estabelecimentos comerciais e ruas inundadas. Quando chove, o problema agravase ainda mais.
As últimas enxurradas deixaram, mais uma vez, o Distrito Urbano da Samba arrasado. E, a Administração nada faz. São os moradores que se viram a “torto e a direito”, para tirar a água do interior das residências para a rua, com baldes e motobombas alugadas ou próprias.
A rua Herói do Mar, uma das mais afectadas do bairro da Camuxiba, está intransitável. Nenhuma viatura passa por aí. Alguns moradores da rua “Quim Ribeiro” parecem conformados com os charcos e lagoas, com o lixo e o cheiro nauseabundo dos esgotos. Sentam-se à porta de casa para uma boa conversa. Demonstram tranquilidade.
O jovem César Lucas, que vive com a mulher e os filhos, na rua Herói do Mar, contou que já despertaram a meio da noite debaixo da água da chuva, que brota do chão e dos cantos das paredes da residência. “Quando caíram essas últimas cargas, passámos a noite acordados, a tentar evacuar a água de dentro para fora. Não dormimos. É um problema que parece nunca ter fim”, desabafou.
O grito de socorro dos munícipes tem sido ignorado. Há dias em que não conseguem entrar, nem sair das casas, por causa das águas que inundam as residências. Transitar só com botas de borracha ou “mergulhando” os pés.
Sempre que chove, renovam-se as frustrações dos velhos tempos, enquanto a esperança esmorece cada vez mais. Na Samba, existem casas, estabelecimentos comerciais e escolares encerrados ou abandonados, por
causa das águas estagnadas.
Melhorias em Cacuaco
Apesar de um ou outro constrangimento na via, apenas alguns pontos com lamaçais do bairro da Cerâmica até à Retranca, no município de Cacuaco, não se vê grande agitação de pessoas, depois das últimas enxurradas. Não há registo de casas desabadas, nem de mortes por afogamento. A rua da Cerâmica está agora livre de inundações. A ponte que, há dois anos, tinha desabado foi recuperada e a estrada melhorada com trabalhos de terraplanagem. A poucos metros da mesma ponte abriu uma cratera que coloca em perigo a circulação de viaturas.
Com as chuvas, o buraco encheu. Um automobilista, que conduzia uma viatura ligeira, tentou passar e quase foi engolido. Muito próximo da Pedreira e uma parte do bairro Retranca, as ravinas ganham terreno e ameaçam cortar as vias. A água das chuvas corre dessas localidades até às valas localizadas no bairro Cerâmica, para desembocar no mar.