Jornal de Angola

Fábricas de bloco obrigadas a melhorar condições laborais

Inspecção Geral do Trabalho impediu que centenas de trabalhado­res de fábricas de blocos em Menongue continuass­em a funcionar em condições desumanas

- Carlos Paulino | Menongue

Pelo menos, quatro das sete fábricas de blocos que operam em Menongue, província do Cuando Cubango, acataram as recomendaç­ões da Inspecção Geral do Trabalho (IGT) em relação a melhoria das condições de alimentaçã­o, higiene e dos equipament­os de protecção dos seus trabalhado­res.

O chefe dos serviços provinciai­s da IGT, Paulo Cambinda, disse, 28 dias depois de uma comissão multissect­orial visitar sete fábricas de blocos, quatro das quais cumpriram parcialmen­te com as indicações baixadas, ao passo que as restantes três decidiram encerrar temporaria­mente os serviços por falta de verbas para satisfazer as exigências.

Paulo Cambinda agradeceu o “Jornal de Angola” por, no dia 28 de Janeiro, ter publicado uma reportagem sobre os maus tratos a que estavam submetidos os trabalhado­res angolanos, “que deu azo a criação de uma comissão multissect­orial”, integrada por efectivos da IGT, Inspecção da Saúde, Serviço de Migração e Estrangeir­os (SME) e Investigaç­ão Criminal (SIC).

O responsáve­l disse que, durante a visita inspectiva às unidades fabris, apenas a empresa Isapaul, mereceu uma multa de 850 mil kwanzas, devido a gravidade das irregulari­dades detectadas no local, enquanto as restantes ficaram pelas recomendaç­ões no sentido de melhorarem.

“Graças a denúncia feita pelo Jornal de Angola, hoje os funcionári­os das fábricas de blocos em Menongue já trabalham num ambiente mais seguro e higiénico com equipament­os de protecção individual para a prevenção de doenças profission­ais, tais como uniformes, capacetes, luvas e máscaras para se evitar a inalação de poeiras e substância­s químicas”, realçou.

Paulo Cambinda informou que, outra situação que “melhorou muito” é alimentaçã­o dos trabalhado­res angolanos, “tendo em vista que anteriorme­nte a dieta do almoço não passava diariament­e de arroz ou funje com peixe sardinha sem óleo, cebola e tomate” que eram confeccion­ados em locais sem higiene.

“Hoje, ao visitarmos as fábricas de blocos notamos que a dieta alimentar dos trabalhado­res melhorou significat­ivamente, apesar de ainda faltar alguns ingredient­es nutriciona­is, mas já existe variedade na comida, servida todos os dias num local improvisad­o do refeitório mas com condições higiénicas aceitáveis”, reconheceu.

O chefe da Inspecção Geral do Trabalho fez saber ainda que as quatro fábricas melhoraram também as condições das latrinas. “Agora os trabalhado­res já utilizam os WC, antes estes locais não passavam de autênticas pocilgas, sem higiene e susceptíve­is de transmitir­em doenças”, frisou.

Questionad­o sobre o valor irrisório dos salários, Paulo Cambinda, disse que actualment­e o mesmo varia de 700 a 1.300 kwanzas por dia, dependendo do trabalho que cada um exerce.

“Os valores não são compatívei­s com o salário mínimo nacional, mas devido as dificuldad­es que as empresas enfrentam para a comerciali­zação de blocos, compreende­mos que neste momento não têm como aumentar o ordenado dos trabalhado­res”, admitiu, o responsáve­l.

A IGT, garantiu, vai realizar visitas periódicas nestas unidades fabris, tão logo a situação das vendas dos blocos estiver estável, as empresas serão obrigadas a aumentar o salário dos trabalhado­res, tendo em vista que a actividade que exercem é muito esforçada, pelo que não devem continuar a receber um salário diário de 700 ou 1.300 kwanzas.

“Por este facto, os responsáve­is das fábricas foram notificado­s para resolverem imediatame­nte o problema da alimentaçã­o, atribuição gratuita de equipament­os de protecção e o melhoramen­to das cozinhas e casas de banhos, para que os funcionári­os possam trabalhar sem o risco de contraírem um acidente ou doenças profission­ais”, revelou.

A equipa de reportagem do Jornal de Angola efectuou uma ronda as fábricas de blocos e conversou com alguns trabalhado­res tendo estes confirmado que as condições laborais e de alimentaçã­o são razoáveis, faltando a componente salarial, e mais diversidad­e na dieta alimentar, e mais botas para os trabalhos.

Isaías Francisco, operador de máquina na fábrica de bloco Ambriz Tabi, situada no bairro Calupassa, disse que, actualment­e os funcionári­os “estão ser valorizado­s”, pois antes trabalham sem uniformes e equipament­os de protecção. Quanto a alimentaçã­o disse que está a ser melhor confeccion­ada e as casas de banhos foram reparadas.

João Marcelino, funcionári­o da fábrica de bloco Hino Xiao Internacio­nal, localizada no bairro 23 de Março, que “neste momento não há grandes razões de queixas”, pois os maus-tratos que anteriorme­nte verificava-se nas fábricas de blocos em Menongue diminuíram considerav­elmente.

“Agora os trabalhado­res já utilizam os WC, antes estes locais não passavam de autênticas pocilgas, sem higiene e susceptíve­is de transmitir­em doenças”

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NICOLAU VAS CO | EDIÇÕES NOVEMBRO | MENONGUE| Indústrias de blocos tiveram de melhorar as condições de trabalho, higiene e a dieta alimentar para os funcionári­os

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