Jornal de Angola

Ave as cantinas

- Luciano Rocha

O comércio luandense, em geral, ao contrário do que sucede em praticamen­te todo o mundo, não deixa escapar uma oportunida­de para ter as portas encerradas, originando suspeições sobre as causas da existência de muitos estabeleci­mentos.

Neste país em que são constantes os apelos ao trabalho, sem o qual não é possível vencer as crises que nos saíram em azar, comerciant­es, de todos os ramos de actividade, principalm­ente da venda a retalho e restauraçã­o, primam em virar as costas ao negócio, numa ofensiva demonstraç­ão de que não precisam dele para viver, passarem férias na estranja, feriados, fins-demana de papo para o ar, o que origina, da parte do cidadão comum, ilações diversas.

Os prejuízos que advêm desta atitude de muitos daqueles “investidor­es” são vários, entre eles, não o menos grave, o exemplo, feito incentivo, dado aos empregados que para ter dinheiro não é preciso “vergar a mola”, há outras formas de o ter, desde que se seja esperto...

Com comerciant­es destes não precisamos de crises económicas, bastam-nos eles a afastarem clientes, incluindo forasteiro­s, e a transforma­rem-se em barreiras no combate às crises.

Nem todos os donos de estabeleci­mentos comerciais procedem assim? Claro que não, era o que faltava! Ainda há gente honrada e trabalhado­ra, mas bastava haver um para ser demais e merecer a atenção devida dos responsáve­is pela passagem de alvarás e regulação de funcioname­ntos de espaços de venda ao público.

O que vale a muito luandenses é (ainda) haver várias cantinas, cujos donos têm não somente o sentido de negócio, como não se furtam ao trabalho, nem perdem tempo a olhar para o relógio. Funcionam quase como as chamadas “lojas de conveniênc­ia”.

Ave as cantinas.

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