Ave as cantinas
O comércio luandense, em geral, ao contrário do que sucede em praticamente todo o mundo, não deixa escapar uma oportunidade para ter as portas encerradas, originando suspeições sobre as causas da existência de muitos estabelecimentos.
Neste país em que são constantes os apelos ao trabalho, sem o qual não é possível vencer as crises que nos saíram em azar, comerciantes, de todos os ramos de actividade, principalmente da venda a retalho e restauração, primam em virar as costas ao negócio, numa ofensiva demonstração de que não precisam dele para viver, passarem férias na estranja, feriados, fins-demana de papo para o ar, o que origina, da parte do cidadão comum, ilações diversas.
Os prejuízos que advêm desta atitude de muitos daqueles “investidores” são vários, entre eles, não o menos grave, o exemplo, feito incentivo, dado aos empregados que para ter dinheiro não é preciso “vergar a mola”, há outras formas de o ter, desde que se seja esperto...
Com comerciantes destes não precisamos de crises económicas, bastam-nos eles a afastarem clientes, incluindo forasteiros, e a transformarem-se em barreiras no combate às crises.
Nem todos os donos de estabelecimentos comerciais procedem assim? Claro que não, era o que faltava! Ainda há gente honrada e trabalhadora, mas bastava haver um para ser demais e merecer a atenção devida dos responsáveis pela passagem de alvarás e regulação de funcionamentos de espaços de venda ao público.
O que vale a muito luandenses é (ainda) haver várias cantinas, cujos donos têm não somente o sentido de negócio, como não se furtam ao trabalho, nem perdem tempo a olhar para o relógio. Funcionam quase como as chamadas “lojas de conveniência”.
Ave as cantinas.