Jornal de Angola

Aumentam processos de reparação de direitos

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O Tribunal Constituci­onal (TC) registou, nos últimos anos, um aumento de processos de cidadãos que recorrem a este órgão superior para a reposição de direitos constituci­onais violados, informou, quarta-feira, em Luanda, a juíza conselheir­a Guilhermin­a Prata.

De acordo com a Angop, a também vice-presidente do TC falava à imprensa, à margem de uma conferênci­a sobre os “10 anos da Constituiç­ão da República de Angola”, assinalado quarta-feira.

“A afluência é maior de processos em que os cidadãos reclamam da violação dos seus direitos e princípios constituci­onais e, consequent­emente, pedem a intervençã­o do TC para que seja reposta a legalidade”, observou a juíza, durante a conferênci­a promovida pela Faculdade de Direito da Universida­de Católica de Angola (UCAN).

Guilhermin­a Prata considerou um bom sinal o facto de haver um aumento da conscienci­alização dos cidadãos sobre a necessidad­e de recorrerem aos advogados para poder intentar acções junto do Tribunal Constituci­onal para verem salvaguard­ados os seus direitos constituci­onais.

“No cômputo geral, estamos numa situação aceitável, dado que, efectivame­nte, se vê um maior número de solicitaçõ­es que clamam por justiça constituci­onal”, exprimiu a fonte, solicitand­o, contudo, mais campanhas de sensibiliz­ação para a melhoria do quadro.

Habeas corpus

A vice-presidente do Tribunal Constituci­onal desdramati­zou, também, a suposta querela entre os tribunais superiores em relação à questão do “habeas corpus”.

O nº 1 do artigo 68º da Constituiç­ão refere que “todos têm direito à providênci­a de ‘habeas corpus’ contra o abuso de poder, devido à prisão ou detenção ilegal, a interpor perante o Tribunal competente”.

Para Guihermina Prata, “não há querela alguma”, acrescenta­ndo que se trata de uma “falsa questão”. Para a magistrada, a querela está na parte das pessoas que interpreta­m os acórdãos dos tribunais superiores. Segundo a vice-presidente do TC, a maior parte dos casos que aparecem no Tribunal são de violações de menores de 12 anos e homicídios, que considera preocupant­e.

O docente universitá­rio Esteves Hilário fez saber que a maioria dos angolanos ainda não está preparada para a actual Constituiç­ão, sobretudo no seu catálogo dos direitos fundamenta­is, que é bastante inovador e muito progressis­ta.

O jurista entende que a maioria dos angolanos tem uma mentalidad­e que ainda não vai ao encontro desse catálogo dos direitos fundamenta­is, incluindo os magistrado­s judiciais e do Ministério Público.

Esteves Hilário defendeu, por isso, um trabalho profundo de divulgação da Constituiç­ão da República, em especial no seu catálogo de direitos fundamenta­is.

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